Até o pinheiro ganhar um espaço destacado na casa, decorado com bolinhas coloridas, luzinhas e outros adornos, sendo considerado um dos principais símbolos natalinos, um longo caminho teve que ser percorrido. Existem muitas histórias para explicar como nasceu a tradição secular e como a árvore foi parar dentro de casa para o Papai Noel deixar os presentes. O pinheiro é de origem pagã e no princípio do cristianismo a Igreja demorou muito para incorporá-lo aos rituais natalinos. Hoje, está presente até mesmo dentro de igrejas.
Letônia e Estônia disputam o pioneirismo, mas a maioria dos historiadores apontam a Alemanha como berço da tradição que acabou se espalhando por todos os países. Algumas vertentes apontam que galhos de pinheiro em suas casas para afastar espíritos malignos. Além disso, por ser inverno na região neste período de dezembro, o pinheiro também servia como símbolo da fertilidade e vitalidade, pois esta era a única árvore que se mantinha viva no período de noites curtas e muito frio intensificado pela neve.
Se hoje ela tem bolinhas, luzinhas e adornos de todos os tipos, quando começou a surgir, ele era decorado com maçãs, tâmaras e doces, entre outros. As bolinhas como conhecidas hoje, teriam sido inspiradas nas maças. “Os pinheiros em festivais de inverno são tradicionais desde a antiguidade, significando a vitória da vida e da luz sobre a morte e as trevas”, disse Carole Cusack, professora de estudos religiosos da Universidade de Sydney, da Austrália, ao National Geographic.
Existem muitas histórias para explicar a tradição secular. Uma delas diz respeito à festa de Santa Bárbara, comemorada no dia 8 de dezembro na Alemanha. Era uma antiga tradição cristã cortar galhos de macieira ou cerejeira nessa data, para que florescessem antes do tempo como enfeite dentro das casas aquecidas. Posteriormente, o pinheiro enfeitado teria assumido o lugar dos galhos com flores de maçã e de cereja.
A etnóloga Christel Köhle-Hetzinger, da Universidade de Jena, Alemanha, conhece toda uma série de histórias que tentam explicar a origem da tradição medieval: “Sabe-se também que árvores verdes eram postas nas igrejas na época de Natal. Era, sem dúvida, uma alusão à árvore do paraíso, que desempenha um papel próprio em toda a liturgia cristã. Ou seja, uma árvore cristã da vida. Como na história de Adão e Eva. Hoje, nós acreditamos que a árvore é o ponto central do Natal cristão. Mas não é bem assim. Ao pé da letra, esse papel caberia ao presépio com o Menino Jesus. A árvore de Natal é na verdade um produto e um objeto leigo.”
O ano de surgimento da árvore decorada dentro das casas é incerto. A Letônia defende que em 1510 uma associação de mercadores carregou uma árvore pela cidade e depois fez a decoração. Já a Estônia alega que o mesmo festival, organizado pela Irmandade dos Cabeças Negras, promoveu um festival semelhante em 1441.
A origem da árvore, contudo, conforme alguns historiadores, teria ocorrido na região da Alsácia durante o século 16, hoje parte da França, mas antes território alemão. Registros históricos apontariam que em 1539 uma árvore de Natal foi erguida na catedral de Estrasburgo. A tradição se popularizou a ponto de a cidade de Friburgo chegou a proibir o corte de árvores para o Natal em 1554.
No início, a Igreja refutou inteiramente a tradição de origem pagã. Somente há cerca de 100 anos é que o pinheiro natalino passou a enfeitar também os templos cristãos. Até então, na Alemanha, ele estava mais ligado a costumes dos povos germânicos, anteriores à cristianização: no inverno, eles penduravam galhos de pinheiro sobre as portas das casas, no estábulo e nos tetos das moradias. Com suas folhas em forma de agulha, o pinheiro devia espantar maus espíritos, raios e doenças. Além disso, o verde dos ramos simbolizava então a expectativa em relação à chegada da primavera e ao fim do inverno.