*Mariana Cardoso e Simone Carvalho
Nos últimos anos, tem ocorrido uma crescente conscientização sobre a necessidade de mudanças significativas em nosso sistema econômico com o objetivo de enfrentar os desafios ambientais e sociais com os quais lidamos. Uma dessas mudanças é a transição para uma economia mais circular, que busca minimizar o desperdício, promover a reutilização de recursos e reduzir o impacto ambiental de nossas atividades.
Os millennials e a geração Z, como são conhecidos, cresceram em um mundo cada vez mais consciente das questões ambientais. Desde a tenra idade, eles testemunharam os efeitos das mudanças climáticas, o esgotamento de recursos naturais e a poluição generalizada. Essas experiências moldaram sua visão de mundo e os tornaram mais propensos a buscar soluções inovadoras para os problemas que herdarão.
Uma das características distintivas das novas gerações é sua afinidade com a tecnologia e sua habilidade de aproveitá-la para impulsionar mudanças significativas. Dessa forma, a economia circular se beneficia enormemente das inovações tecnológicas, como a Internet das Coisas (IoT – Internet of Things), a inteligência artificial e a análise de dados, que podem ajudar a rastrear e otimizar o uso de recursos ao longo de toda a cadeia de valor. Os jovens estão familiarizados com essas tecnologias e têm a capacidade de desenvolver soluções disruptivas que podem impulsionar a transição para uma economia cada vez mais preocupada com questões ambientais e sociais.
Para isso, eles estão dispostos a repensar seus hábitos de consumo, preferindo produtos e serviços que sejam produzidos de forma sustentável e que tenham menor impacto ambiental. Por meio do poder de suas escolhas como consumidores, estão influenciando as práticas das empresas, incentivando a maior adoção de princípios circulares em suas operações e produtos.
As novas gerações também estão desafiando o paradigma tradicional de propriedade. O compartilhamento de recursos, como carros e moradias, por meio de plataformas colaborativas se tornou uma prática comum. Essa mentalidade de acesso em vez de posse está alinhada com os princípios da economia circular, em que a utilização eficiente dos recursos é valorizada em detrimento da acumulação desnecessária. Essa mudança de mentalidade está impactando não apenas o consumo, mas também o desenvolvimento de modelos de negócios mais sustentáveis, baseados em serviços e na economia do compartilhamento.
É importante destacar que a atuação de crianças e adolescentes não se limita apenas ao âmbito individual. Os jovens estão se engajando ativamente na política, na sociedade civil e no empreendedorismo, buscando influenciar as decisões e moldar um futuro mais sustentável.
No entanto, para que esse novo público possa atuar plenamente na construção de uma economia mais circular, é necessário fornecer-lhes as ferramentas e oportunidades adequadas. Isso inclui a educação para a sustentabilidade desde cedo, o acesso a programas de formação empreendedora e inovação, bem como o suporte e financiamento de iniciativas que promovam a economia circular. Além disso, engajá-los em ações como mutirão de limpeza de praias e projetos de consumo e descarte conscientes nas escolas, ajuda a aproximar esse público, algumas vezes arredio, da chave do problema.
À medida que as novas gerações passem a atuar fortemente na liderança, podemos ter esperança em um futuro em que a economia circular se torne a regra, garantindo um planeta mais saudável e próspero para as gerações futuras.
*Mariana Cardoso e Simone Carvalho são membros do comitê técnico do Movimento Plástico Transforma, iniciativa que mantém no Museu Catavento, em São Paulo, um espaço sobre Economia Circular do Plástico.