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ALAP

A chuva

*Renato Benvindo Frata

Estavam brigados há mais de semana.

Nem se olhavam, quanto mais se tocar.

Briga besta, de casal,

Dessas que acontecem sem que se saiba.

Depois nunca termina.

Madrugada.

Na madrugada sempre acontecem coisas.

Aconteceu ali.

O tempo virou pra chuva.

Raios, trovões, vento forte sopra as frestas.

Receio pra ele, medo pra ela.

Aperta, resmunga o tempo embrutecido.

O mundo vai desaguar em água de novo.

Energia acaba.

Escuro mete mais medo.

Levantam sem se falar.

Acodem a janela que o vento abriu.

Levam lanço de água na cara.

Molham-se.

No lusco-fusco da vela, se despem.

Olham-se e sorriem.

Abraçam-se e se perdoam…

Fazem amor ali mesmo.

Meio molhados, meio suados.

Viu como é bom?

“do livro Azarinho e o Caga-Fogo, do autor, de 2014

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