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ARTIGO

A epidemia da desinformação no Brasil

Por Gregório José

Os dados recentes do Instituto Locomotiva, revelados com exclusividade pela Agência Brasil, são alarmantes: quase 90% da população brasileira admite ter acreditado em conteúdos falsos. Esse número nos força a encarar uma dura realidade sobre o estado de nossa informação pública e o impacto das fake news em nossa sociedade.

Segundo o levantamento, oito em cada dez brasileiros já deram crédito a fake news. Mesmo assim, uma maioria expressiva de 62% confia na própria capacidade de distinguir informações falsas das verdadeiras. Essa confiança desmedida na própria capacidade de discernimento é um terreno fértil para a desinformação. A ilusão de infalibilidade, associada à crescente sofisticação das fake news, perpetua um ciclo vicioso que compromete a qualidade do debate público e a saúde de nossa democracia.

Os temas das notícias falsas que mais enganaram os brasileiros são reveladores. A pesquisa indica que 64% das fake news estão relacionadas à venda de produtos, 63% a propostas eleitorais, 62% a políticas públicas como a vacinação e escândalos políticos, 57% à economia e 51% à segurança pública e ao sistema penitenciário. Esses números demonstram que a desinformação não discrimina áreas de interesse e atinge todos os aspectos da vida social e política.

É preocupante que 65% dos entrevistados acreditem que a disseminação de fake news se dá com o auxílio de robôs e inteligência artificial, enquanto oito em cada dez reconhecem a existência de grupos e pessoas pagas para produzir e disseminar essas notícias falsas. Esse reconhecimento é um passo importante, mas insuficiente, para enfrentar o problema.

O maior risco da desinformação, para 26% dos brasileiros, é a eleição de maus políticos, enquanto 22% veem a difamação como o perigo principal. Outros 16% acreditam que o maior problema é o medo causado à população sobre sua segurança, e 12% destacam os prejuízos aos cuidados com a saúde. Essas percepções ilustram o vasto impacto da desinformação, que pode alterar rumos políticos, destruir reputações, espalhar pânico e comprometer a saúde pública.

Sentimentos de ingenuidade (35%), raiva (31%) e vergonha (22%) são comuns entre aqueles que percebem que foram enganados por fake news. E não é só: um quarto da população (24%) já foi acusado de espalhar informações falsas por pessoas com visões de mundo diferentes. Esse ambiente de desconfiança mútua e acusações contribui para a polarização e dificulta a construção de um diálogo saudável e construtivo.

Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, defende que a solução para esse problema passa pela educação midiática e pela verificação rigorosa das fontes de informação. Concordo plenamente. É imperativo que instituições públicas e privadas formulem estratégias que promovam a educação para o consumo crítico de informação e que reforcem a checagem de fatos.

A luta contra a desinformação é uma batalha contínua e complexa, que exige o compromisso de todos os setores da sociedade. É preciso investir em educação, tecnologias de verificação e políticas públicas que garantam a circulação de informações precisas e confiáveis. Apenas assim conseguiremos fortalecer nossa democracia e construir um futuro mais justo e informado para todos os brasileiros.

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