*Mario Eugenio Saturno
Quando se fala em Judas, logo se imagina que falamos de Judas Iscariotes, pois muita gente ignora que Jesus escolheu dois apóstolos com o nome de Judas. Mateus e Marcos o chamam simplesmente “Tadeu” (Mt 10, 3; Mc 3, 18), Lucas chama-o “Judas de Tiago” (Lc 6, 16; Act 1, 13). João o coloca em destaque na Última Ceia (Jo 14,22).
O sobrenome Tadeu tem uma derivação incerta e é explicado ou como proveniente do aramaico taddà’, que significa “peito” e, por conseguinte, significaria “magnânimo”, ou como abreviação de um nome grego como “Teodoro, Teódoto”, conforme explica o Papa Bento XVI. Também é chamado Judas Apóstolo, Judas Lebeus, Judas irmão de Tiago Menor e, ainda, São Tadeu.
São Judas Tadeu foi martirizado na Pérsia por apedrejamento em 62 d.C., sob o comando do Sacerdote Anás II. Ele é venerado pelas Igrejas Católicas Romana, Católicas Orientais, Católicas Ortodoxas, entre outras. A Festa Litúrgica acontece no dia 28 de Outubro nas Igrejas Ocidentais e 19 de Junho nas Igrejas Orientais. Ele é Padroeiro das Causas Perdidas ou Desesperadas e também dos hospitais.
A carta de Judas situa-se entre os textos mais ignorados do Novo Testamento, pois é um dos mais curtos de toda Bíblia e seu conteúdo despertou pouco interesse. A única vez que a carta de Judas é usada na liturgia é no sábado da 8ª semana comum do ano par.
Na carta, o autor se apresenta como sendo Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago (v. 1). É bem provável que o autor seja um judeu de língua grega. Foi aceita como canônica pelo ano 180 d.C. Muitas dúvidas sobre esta carta surgiram, talvez em razão do uso que nela se faz dos apócrifos Assunção de Moisés e Henoc (vv 9 e 14). Foi escrita entre os anos 80 e 90 d.C.
A carta de Judas não tem um endereço determinado, é para todos (do grego cat e holos, ou católica). Muitos estudiosos a relacionam com as cartas de João, pois os adversários citados nela parecem ser os mesmos da carta de João e também da segunda de Pedro. Nesse caso, a carta poderia ter sido endereçada às comunidades cristãs da Ásia Menor, Éfeso, mas não necessariamente às comunidades joaninas. A referência constante ao Antigo Testamente de textos judaicos apócrifos faz supor que muita gente nessas comunidades fosse de origem judaica.
Estilo do texto é vibrante, duro, incisivo, cheio de ameaças e, aparentemente, violento. Mas ao mesmo tempo é harmonioso, poético e solene. É um texto bem diferente da mentalidade moderna.
A estrutura do texto é o de uma carta panfleto anti-herético dirigido a leitores cristãos, conhecidos do autor e ameaçados pelos perigos da heresia e falsas doutrinas. O autor quer preveni-los contra alguns cristãos hereges que se infiltraram na comunidade e os classifica como: cristãos de falsas doutrinas e depravados; Sensuais (vv. 8, 10 e 13); gananciosos (vv. 16 e 18); e a favor dos poderosos. São insolentes (v. 19); se voltam contra Cristo (v. 8) e contra a ordem estabelecida por Deus (v. 11). Provavelmente eram pertencentes ao movimento gnóstico, também denunciado por João.
*Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.