ADÃO RIBEIRO
Da Redação
A chapa majoritária é composta por titular e vice, no caso do município, por prefeito e vice-prefeito. De forma muito sintetizada, a missão do vice é substituir o prefeito e representa-lo sempre que for convocado (no caso de Paranavaí o conteúdo sobre as competências está no artigo 57 da Lei Orgânica e na lei complementar 021/2004).
Porém, na prática o trabalho vai além, já que o vice é um agente político com liderança e capacidade de atuação na sua área de conhecimento. Pensando nisso, o Diário do Noroeste ouviu três dos quatro postulantes ao cargo e publica nesta edição um resumo das principais ideias. As entrevistas completas estão no site do jornal.
COLIGAÇÃO PARANAVAÍ NO CAMINHO CERTO
Experiência e “sangue novo” são trunfos para uma grande administração, destaca Baraldi
Pedro Baraldi, 62 anos, tem larga experiência no serviço público. Exerceu diversos cargos, entre os quais, o de vereador, de secretário municipal, de chefe do Núcleo de Educação e de vice-prefeito na atual gestão do titular Carlos Henrique Rossato Gomes (KIQ). Baraldi espera utilizar essa experiência para um segundo mandato de vice-prefeito, agora na coligação “Paranavaí no Caminho Certo”, liderada pelo agroindustrial Mauricio Gehlen. Em outras palavras, juntar o seu conhecimento de servidor público ao “sangue novo” na política representado por Gehlen, que vem da iniciativa privada.
Ele reforça que Gehlen tem muito a contribuir com Paranavaí devido ao seu vasto conhecimento de gestões inovadoras nos negócios e de empreendimentos privados de grande porte. Essa bagagem vai dar novo fôlego ao serviço público, resume, complementando que estará ao lado do prefeito para contribuir com a sua experiência no setor público.
Baraldi foi pré-candidato a prefeito pelo Progressistas, mas diante dos objetivos de união em prol da comunidade, aceitou a composição e postula mais uma vez o cargo de vice. Ele comemora o fato de o grupo estar maior e consciente dos deveres.
O conjunto dos partidos, sendo nove na coligação e mais um apoio informal, deve fazer uma grande bancada na Câmara de Vereadores. Ele aposta em 12 das 15 cadeiras, “dentro de uma visão realista”. Com isso, a futura gestão terá apoio, reforça. Baraldi também não vê problemas na ampliação da Câmara de 10 para 15 cadeiras. Para ele, o importante é não ter aumento das despesas. Haverá, necessariamente, uma renovação na Câmara, pois dos 10 atuais somente sete são postulantes a um novo mandato. Se todos voltarem, ainda assim haverá oito novos, reflete.
Sobre política também, diz que o apoio do governador Ratinho Junior e do deputado federal Tião Medeiros abre portas para uma grande gestão em caso de vitória no dia 6 de outubro. A coligação trabalha a perspectiva de o médico Leônidas Fávero Neto assumir uma cadeira de deputado estadual. Ele é o primeiro suplente da federação PSDB/Cidadania.
Pedro Baraldi faz uma avaliação sobre o andamento das obras públicas. Concorda que há atrasos devido aos processos burocráticos e também por questões contratuais e problemas com prestadores de serviços. Garante que o teatro municipal voltará a funcionar neste mês e atualiza a situação de diversas melhorias em andamento, incluindo a Praça dos Pioneiros, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), a Estação Rodoviária, entre outras.
Na área de infraestrutura lembra que o Plano Diretor está em trâmite na Câmara e vê com otimismo as propostas de revitalização do centro e de outras áreas. Como obra para o futuro cita a Estrada da Mata, que será aberta na região dos condomínios (fundos do San Lorenzo), melhorias no asfalto do Jardim Morumbi, além das reformas de saúde da Vila Operária e dos jardins São Jorge, Morumbi e Campo Belo.
Sobre dificuldades na área da saúde, concorda que há gargalos. Adverte que o município investe cerca de 30% do orçamento no setor, embora a obrigação constitucional seja 15%. Outro desafio é resolver a fila de espera nas especialidades.
Na educação, o vice-prefeito quer resolver o mais rápido possível o problema da rede elétrica de escolas que não comporta a instalação de ar-condicionado. Algumas têm os aparelhos comprados, mas não podem ser instalados.
Ao encerrar, Pedro Baraldi conclama o eleitor a uma reflexão. Reitera o seu conhecimento do serviço público e a capacidade de realização de Mauricio Gehlen. Finaliza com o pedido necessário em tempos de campanha: o voto. No caso dele, voto no 55.
A entrevista foi concedida na manhã da última terça-feira (10) e está na íntegra no site do Diário do Noroeste.
COLIGAÇÃO PARA CUIDAR BEM DA CIDADE E DAS PESSOAS
Doutor Homero: O dinheiro para as obras está em Brasília
O advogado Antônio Homero Madruga Chaves (Dr. Homero – do PDT) é o candidato a vice-prefeito da coligação “Para Cuidar Bem da Cidade e das Pessoas”, encabeçada pelo professor César Alexandre, do PT, que compõe a federação com o PCdoB e PV, com apoio do Psol e Rede. Ele defende investimentos na educação e sobre saúde entende ser indispensável a construção do hospital municipal. Lamenta que haja o que considera resistência por conta de “outros interesses”. E define: O dinheiro para as obras está em Brasília.
A origem dos recursos é um dos fortes argumentos citados pelo candidato ao pedir que a população vote na chapa. Lembra que a coligação tem apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de diversas lideranças federais, incluindo o presidente da Itaipu Binacional, Enio Verri.
Defensor da escola de tempo integral, uma das bandeiras do PDT, também prega a valorização dos professores e demais profissionais da educação.
Na área de infraestrutura, critica o volume de obras paradas e avalia que o município tem instrumentos para cobrar terceirizados e acelerar as construções e reformas para que a população possa usufruir dos serviços e dos equipamentos públicos.
Ainda sobre a infraestrutura, Dr. Homero entende que é preciso planejar. Ele igualmente critica o modelo de construção de ruas interligando a cidade à BR-376. No seu entendimento, as vias devem ser mais largas.
Menciona o exemplo da Rua Guerino Pomin, que liga a cidade aos condomínios a partir da Avenida Tancredo Neves. Para o postulante, tem que buscar alternativas, pois a via ficou estreita e se tornou muito perigosa para o tráfego de veículos e a circulação de pessoas. Advertindo que será necessário um estudo técnico, Homero entende que tornar a via mão única e fazer outro acesso pode ser a solução.
A crítica mais ácida, no entanto, é para a área de saúde. Dr. Homero é defensor intransigente da construção de um hospital municipal. “Paranavaí não tem um hospital, pois a Santa Casa é regional e atende a todos os municípios”, avalia.
Por outro lado, ele vê resistência ao hospital municipal por conta de interesses privados que estariam influenciando na saúde. A precariedade de internamento em macas e longa fila de espera para exames acabam levando a população para a saúde privada, invariavelmente, com muito sacrifício, reflete.
Na visão do candidato, Paranavaí comporta um hospital com 60 leitos para fazer frente aos desafios existentes. Pensa que será necessário buscar recursos federais para investir em obra e na manutenção, uma vez que o orçamento municipal fica quase todo comprometido com pagamento de salários dos servidores, educação e saúde no formato vigente.
Sugere que a população cobre dos eleitos a construção do hospital e o cumprimento de outros direitos. “O povo deve fiscalizar, cobrar sempre”. Ele falou ainda de temas importantes como fortalecimento do comércio, revitalização da área central e concessões.
Homero foi vereador no município de Mirador e procurador jurídico de Paranavaí por oito anos (gestão Rogério Lorenzetti). Também milita por muitos anos nos bastidores da política. Atualmente preside o PDT paranavaiense. Na sua entrevista, concedida na quarta-feira (11), falou ainda sobre as alianças políticas no período de pré-convenções. Sobre o candidato a prefeito, disse ser amigo de César Alexandre e que as bandeiras dos partidos são semelhantes.
COLIGAÇÃO RESPEITO E LIBERDADE
Val é defensor convicto do trabalho e do livre mercado
O trabalho como fator que gera riqueza e melhora a qualidade de vida. Essa é uma das convicções do empresário Florisvaldo Bastos, o Val da Trans Entulho, candidato a vice-prefeito pelo PL na coligação “Respeito e Liberdade”, liderada pelo contabilista e empresário Aryldo Zoccante, do MDB (15). Ele foi convidado do Diário do Noroeste para a série de entrevistas com os postulantes ao cargo de vice-prefeito de Paranavaí.
Se intitulando capitalista convicto, Val se apresenta como defensor da liberdade para empreender. “Se o poder público não atrapalhar, já ajuda”, avalia o postulante, que tem a sua inspiração política na carreira do ex-presidente Jair Bolsonaro a quem hipoteca apoio antecipado para futuros pleitos presidenciais.
Ainda sobre economia, pensa que a função da prefeitura é ajudar para que a cidade se desenvolva. Na mesma linha, entende que tão importantes quanto novos empreendimentos são as empresas já constituídas na cidade. “Temos que preservar esses empregos”, reforça.
Casado e pai de dois filhos, Val foi catador de papel, vendeu sorvete e laranjas na infância e adolescência. Tornou-se pedreiro e empresário na sequência, hoje atuando com aluguel de caçambas e terraplanagem. Entende que é importante o município atuar na qualificação da mão de obra e afirma que as empresas não encontram profissionais treinados em diversas áreas. Para ele, não é só o curso superior que faz a diferença, mas também o preparo técnico para ocupar as funções.
A convicção capitalista, no entanto, não é empecilho para as ações sociais. O postulante entende que programas sociais são importantes em alguns casos, já que parte das famílias precisa de ajuda para superar situações difíceis. E vai além, reiterando que as pessoas devem aprender um ofício.
Na área ambiental o candidato a vice-prefeito pensa que é preciso um trabalho técnico, capaz de comportar os resíduos gerados com desenvolvimento. Em Paranavaí algumas ações mostraram resultado e foram determinantes para acabar com grandes erosões.
Sobre política, Val defende que haja várias candidaturas para que o povo possa escolher. Foi nessa direção que o PL tomou outro rumo nas vésperas da convenção, ocorrida no dia 3 de agosto. Concorda que o processo deixou alguns filiados descontentes, mas se tornou necessário para que o PL participasse ativamente das eleições, inclusive com a sua chapa de candidatos a vereador.
Não guarda mágoa das pessoas e reitera que não tem nada contra quem pensa diferente (parte do PL defendia o apoio a outro candidato a prefeito). Ainda assim, reforça que o PL tomou o melhor caminho para o momento. O postulante espera que o MDB possa eleger até três vereadores e o PL faça pelo menos duas cadeiras. Na próxima legislatura, a Câmara passa a ter 15 vereadores.
Por fim, opina que na atividade produtiva deve ter concorrência, o que vale também para a política. Em outras palavras, “quanto mais candidato, melhor”. Por fim, o tradicional pedido da campanha: votar no 15, número do MDB de Aryldo Zoccante. A entrevista com Val da Trans Entulho foi gravada na última segunda-feira (9). A íntegra pode ser acessada no site do Diário do Noroeste.