DIEGO IWATA LIMA
DA UOL/FOLHAPRESS
Dos jogadores relacionados por Abel Ferreira para a semifinal da Libertadores contra o Atlético-MG na terça-feira (28), apenas o goleiro Jailson, com um jogo, o zagueiro Kuscevic e o lateral Piquerez, ambos com dois cada, haviam jogado menos na competição que Gabriel Veron. O atacante de 19 anos entrou para mudar a sorte do jogo -e do seu time-, naquela que foi apenas sua quarta participação pelo torneio neste ano.
A lógica era que Wesley, titular em diversas partidas, fosse o escolhido para substituir Rony. Mas Abel apostou no garoto aos 21 minutos da segunda etapa, com quem gostaria de ter contado muito mais, conforme disse em diversas entrevistas coletivas desde 2020.
Com um minuto de Veron em campo, o português viu sua aposta dar frutos. Após lançamento de Piquerez, o atacante ganhou no corpo do zagueiro Nathan Silva e rolou com muita precisão para Dudu fazer, de carrinho, o gol da classificação para a final.
A essa altura, se tudo tivesse corrido conforme projetado pela comissão técnica e diretoria, era para Gabriel estar em outro patamar, conforme afirmou seu empresário, Lupércio Segundo, em entrevista à reportagem.
“Com certeza, era para ele já estar em um outro momento. Ele subiu para o profissional, foi para Florida Cup, e ali a gente já imaginava e projetava uma sequência, mas houve a parada da pandemia, além das lesões. A volta agora o recoloca no mesmo trilho e no mesmo processo. E a expectativa é até maior, porque, a cada ano que passa no profissional, ele amadurece mais”, disse.
Em 21 de julho, contra a Universidad Católica (CHI), pela oitavas da Copa Libertadores, Veron retornou aos campos depois de três meses de afastamento por conta de uma lesão muscular -sua terceira desde a subida aos profissionais. Depois disso, já jogou nove jogos, sendo titular em dois.
Na derrota para o Corinthians no último sábado (25), Veron também foi a campo e já havia deixado ótima impressão em meio às lamentações pela derrota. Mandou na trave uma bola que quase deu a virada ao Palmeiras, poucos minutos antes de Roger Guedes selar a vitória para o rival alvinegro.
“Dentro do projeto que temos traçado, acho que o momento é de recomeço para ver se ele consegue uma sequência para demonstrar seu jogo”, disse Segundo -com o detalhe de que essa entrevista foi dada antes de o empresário saber que Veron seria tão decisivo para a classificação palmeirense na Libertadores.
Conforme o coordenador científico do Palmeiras, Daniel Gonçalves, explicou em diversas entrevistas, Veron queimou etapas entre uma e outra categoria de base e a chegada ao time profissional.
Isso fez com que ele não conseguisse se preparar muscularmente de modo adequado para o nível maior de exigência do time profissional -tudo isso em um ano complicado devido à pandemia, com um calendário ainda mais apertado que o normal, que impediu um trabalho mais intensivo em paralelo com a temporada.
A tendência, agora, é que Veron conquiste mais espaço. Em um ano em que o Palmeiras pouco contratou, um grande reforço pode estar surgindo de dentro do próprio elenco.
Gabriel Veron tem contrato com o Palmeiras até setembro de 2025, com multa contratual estipulada em 60 milhões de euros (equivalente a R$ 368 milhões na cotação atual). Mas o clube entende que uma oferta de 20 milhões de euros (cerca de R$ 126 milhões) já seria suficiente para abertura de negociações.