REINALDO SILVA
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Dez de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e ao longo de todo o mês são desenvolvidas ações de conscientização sobre o tema junto à comunidade. No Noroeste do Paraná, o Setembro Amarelo será marcado por campanhas de orientação em escolas e unidades de saúde, conforme diretrizes da 14ª Regional de Saúde. O trabalho durante o período inclui a intensificação de visitas domiciliares ou contatos telefônicos para verificar a situação atual dos pacientes com transtorno mental.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), são registrados mais de 13 mil suicídios por ano no país, a maioria dos casos, 96,8%, está relacionada a transtornos mentais, por exemplo, depressão, bipolaridade e abuso de substâncias. Está entre as três principais causas de mortes de indivíduos com idade entre 15 e 29 no mundo e o Brasil é um país com taxas crescentes. Apesar da escassez de indicadores epidemiológicos, o Ministério da Saúde estima que o suicídio corresponda a mais de 5% das mortes por causas externas.
Ainda com informações do Ministério da Saúde, o suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, usando um meio que acredita ser letal. Também fazem parte do que habitualmente se chama de comportamento suicida: os pensamentos, os planos e a tentativa de suicídio. O comportamento resulta da interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais. É a consequência final de um processo.
A psicóloga da 14ª Regional de Saúde Jéssica Jorge Francisco destaca maneiras de oferecer apoio para quem tem tendências ao suicídio. “A família e pessoas próximas devem ter uma postura de acolhimento e empatia e buscar direcionar a pessoa a procurar locais que podem auxiliar, ter atitudes para o fortalecimento emocional.” O acompanhamento profissional é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Atendimento especializado – Para receber atendimento, é preciso que a pessoa vá até uma Unidade Básica de Saúde (UBS), que é a porta de entrada para o acolhimento do usuário. Familiares ou mesmo a equipe que faz visitas domiciliares, dentro da Estratégia Saúde da Família (ESF), podem buscar apoio especializado. Na UBS, o paciente passa por avaliação do médico. O acompanhamento de situações controláveis é feito dentro da UBS e casos mais graves são encaminhados para o Centro de Atenção Psicossocial (Caps).
A psicóloga da 14ª Regional de Saúde informa que nem todos os municípios do Noroeste do Paraná contam com Caps, apenas Paranavaí e Loanda. Sendo assim, quando há necessidade, os pacientes são direcionados para uma dessas unidades regionais.
Jéssica Jorge Francisco explica que nas circunstâncias de urgência e emergência em que a tentativa de suicídio se concretiza, o contato deve ser feito diretamente com uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou do hospital.
Ações municipais – Cada município tem autonomia para definir a própria estratégia de atuação durante o Setembro Amarelo, de acordo com as possibilidades. A 14ª Regional de Saúde faz algumas recomendações: parceria intersetorial de escolas com o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), videoconferência com os alunos, panfletagem e divulgação do Centro de Valorização da Vida (CVV), que presta atendimentos telefônicos, pelo número 188.
Também são sugeridas: orientações na sala de espera da UBS, exposição de materiais informativos nos murais das unidades de saúde e disseminar informações sobre a rede de atendimento.
Por causa do alto índice de estresse pós-traumático, a Regional de Saúde também propõe intensificar a verificação da situação atual dos pacientes que tiveram ou estão com Covid-19 e dos profissionais de saúde que atuam diretamente com esse público. O tema deste ano é “Criar esperança através da ação” e foi definido pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP).