REINALDO SILVA / Da Redação
Em agosto deste ano, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) confirmou o primeiro caso, no país, da doença conhecida com vassoura-de-bruxa da mandioca. O fungo responsável pela praga foi identificado em plantios de terras indígenas de Oiapoque, município do estado do Amapá, na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa.
O anúncio da Embrapa ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) colocou em alerta toda a cadeia produtiva e motivou a mobilização de órgãos e entidades de proteção sanitária e fiscalização.
É o caso da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), que delimitou as áreas que recebem raiz de mandioca de outros estados para futuras inspeções, caso sejam necessárias, a fim de detectar precocemente o patógeno. Por enquanto, a avaliação é que o risco de introdução da doença em lavouras paranaenses é baixo.
Quem explica é o chefe do Departamento de Sanidade Vegetal da Adapar, Renato Blood, afirmando que a distância entre Amapá e Paraná é muito grande (aproximadamente três mil quilômetros), por isso dificilmente a produção de um estado é transportada ao outro.
De qualquer forma, a Adapar mantém barreiras fixas de fiscalização nas principais divisas paranaenses. “Nesse primeiro momento, a gente fez uma análise das cargas que vêm da região mais acima, para ver se vem carga de mandioca daquela região. O mais distante que a gente registrou foi do Mato Grosso.”
Tecnicamente, a vigilância cabe às equipes da Adapar, mas os produtores também têm papel preponderante nesse sentido. “É importante que fiquem atentos a sintomas diferentes na sua lavoura, problemas que não aconteciam comumente e que começaram a aparecer nos últimos meses, nos últimos anos”, pontua Blood.
No site da Adapar (adapar.pr.gov.br) há um espaço específico para esse tipo de informação. Ao identificar qualquer sinal de doença desconhecida, o agricultor deve acessar e preencher o formulário disponível. A partir daí, “a gente direciona um fiscal lá naquela propriedade , num prazo curtíssimo de tempo, para fazer a coleta desse material e identificar o patógeno”. A análise mostrará se se trata de uma praga nova ou de uma já conhecida, porém resistente.
Vassoura-de-bruxa
A doença tem este nome porque interfere no desenvolvimento dos ramos das plantas, causando deformidades. Entre as consequências estão o nanismo e a proliferação de brotos fracos e finos nos caules, assumindo aspecto semelhante ao de uma vassoura velha.
As lavouras de mandioca atingidas pela praga apresentam folhas murchas e secas, com morte apical e descendente das plantas.
Riscos
Como toda doença que atinge as lavouras, a vassoura-de-bruxa representa riscos para a cultura da mandioca. O chefe da Sanidade Vegetal da Adapar afirma: “Toda praga traz dificuldades [para o produtor], principalmente porque ele vai ter que fazer uma adequação do manejo.” Pode haver aumento nos custos de produção e perdas, acarretando em prejuízos, mas a tendência é que se adeque com o tempo.
Outra preocupação é com o uso excessivo de agrotóxicos, estratégia muitas vezes adotada para conter o avanço de novas doenças. De acordo com Blood, o resultado costuma ser danoso para o meio ambiente, com risco de contaminação do aplicador e outras consequências negativas para a saúde dos consumidores.
O ideal é sempre buscar assistência técnica de profissionais devidamente capacitados, a fim de que indiquem as melhores medidas de prevenção e combate a pragas. A orientação vale tanto para as lavouras de mandioca quanto para outras culturas.
Mandiocultura
Segundo a Agência Estadual de Notícias, a mandioca está entre as dez principais culturas agrícolas do Brasil, sendo a sétima em valor bruto de produção (VBP), respondendo pela geração de R$ 12,7 bilhões.
O Paraná é o segundo maior produtor nacional, atrás apenas do Pará. O principal polo mandiocultor se encontra na Região Noroeste do estado, onde estão concentrados os municípios com maior volume de raiz destinado à indústria.