REINALDO SILVA
Da Redação
A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) calcula que quase 500 mil árvores cítricas contaminadas pelo greening tenham sido erradicadas em municípios da Região Noroeste ao longo dos últimos dois anos. A eliminação das plantas se tornou necessária em razão do avanço da doença sobre os pomares comerciais da região.
O greening é causado por uma bactéria que deixa os ramos amarelados e faz com que os frutos cresçam de forma assimétrica e com sementes abortadas. As características do que é colhido inviabilizam a comercialização, o que compromete toda a cadeia produtiva. Só para dar uma ideia, a citricultura responde por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) de Paranavaí.
Não há cura conhecida para o greening, portanto a retirada das plantas contaminadas é a única forma de combate. Pensando nisso, a Adapar mobilizou técnicos, gestores públicos e representantes da iniciativa privada para uma força-tarefa que alcançou vilas rurais e propriedades no perímetro urbano, todas com plantações sem fins econômicos, onde não há manejo adequado.
Chefe do Departamento de Sanidade Vegetal da Adapar, Renato Blood conta que essa limpeza tem facilitado o controle doença. “Houve um avanço muito grande no controle, conseguimos combater de maneira eficiente. Agora vamos tirar um pouco o foco das chácaras e focar nos produtores, aqueles que não vêm fazendo um bom trabalho.”
Os citricultores que não adotarem as medidas necessárias para evitar a disseminação do greening serão notificados. Se mesmo assim não melhorarem o controle, serão autuados com possibilidade de penalizações administrativas.
Lição
Em 2006 o Paraná se viu em situação semelhante à atual. Naquela época, o greening se espalhou de maneira preocupante pelas propriedades comerciais e colocou toda a cadeia produtiva em risco. Estado e municípios criaram leis específicas para manter a citricultura em segurança, e os resultados não demoraram a aparecer.
Foram aproximadamente 15 anos de conforto em relação à doença, mas as falhas no meio do caminho mostraram “que essa doença não permite o convívio”, assegura o chefe de Sanidade Vegetal da Adapar.
Ele resume o ciclo da seguinte forma: o produtor tem uma planta doente no pomar, mas mantém normalmente a pulverização de agrotóxico; quando essa prática perde os efeitos desejados, por qualquer motivo, o greening se espalha.
O manejo parou de funcionar e o citricultor demorou para perceber, a população de insetos transmissores da bactéria causadora da doença cresceu e o pomar foi inundado de greening. Em algumas propriedades, as perdas representaram até 30% das plantas.
Erradicação total
Blood relembra que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) abriu consulta pública sobre a erradicação de todas as plantas doentes. É um contraponto à estratégia vigente, que permite dentro da área de produção a permanência de árvores com mais de oito anos de idade, mesmo que estejam contaminadas.
A proposta é que a eliminação se dê gradativamente, com percentuais anuais a serem definidos, o que evitaria grandes prejuízos para os citricultores.
A medida de médio prazo seria embasada no Paraná por um plano de erradicação de plantas doentes elaborado pela Adapar com diretrizes para evitar a quebra de produção.