REINALDO SILVA/Da Redação
Adriano Teixeira chega ao Diário do Noroeste de bicicleta, meio de transporte que utiliza comumente para percorrer Paranavaí. O calendário marca 22 de agosto e o candidato a prefeito de Paranavaí é o quarto a ser entrevistado pela equipe do DN.
Morador de Paranavaí há 30 anos, formado em História pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar), ele trabalha no ramo de funilaria e pintura de carros desde a adolescência e já atuou em sala de aula como professor.
A conversa com os jornalistas Adão Ribeiro, Monique Manganaro e Reinaldo Silva leva aproximadamente 45 minutos, mesmo tempo destinado a cada concorrente ao Palácio Ivaí. Ao longo da entrevista, Adriano Teixeira fala sobre política, infraestrutura, assistência social, educação, desenvolvimento econômico, segurança e políticas para mulheres.
O vídeo completo está disponível no canal do Diário do Noroeste no You Tube. Confira:
A seguir, o Diário do Noroeste elenca alguns trechos da entrevista.
POLÍTICA
Adriano Teixeira já foi candidato a vereador de Paranavaí e a governador do Paraná. Defende a chapa pura, sem coligações partidárias, porque não concorda com a postura dos demais partidos, principalmente os de viés ideológico à direita, mas também os de esquerda.
O candidato define o Partido da Causa Operária como de esquerda, revolucionário, comunista. Contesta a estrutura do sistema político e a formação das instâncias de governo. Caso seja eleito, pretende criar conselhos populares, com grupos de moradores ajudando construir o futuro de Paranavaí. “A gente acredita que somente a população organizada pode fazer a diferença, pode fazer a modificação nos rumos de hoje.”
A solução, assegura o candidato, é votar no 29. “É assim que a gente vai organizar uma luta melhor para o povo, uma qualidade de vida melhor para a população.”
EDUCAÇÃO
Dentre tantas áreas de atuação da administração municipal, a educação ganha destaque nas palavras do candidato do PCO. Favorável ao ensino em tempo integral, Adriano Teixeira argumenta que é preciso ampliar o número de escolas com esse formato. “Cada bairro deveria ter a sua escola integral, tanto com formação teórica, quanto com formação física e mental.”
Sugere até uma atividade para compor a programação educacional, a capoeira. “Eu faço alguns movimentos, então eu sei como é, e eu sei o quanto ela rende, ainda mais para uma criança.”
A avaliação do candidato é que a defasagem não está apenas no âmbito municipal, mas também no estadual. Ele questiona a quantidade de alunos em sala de aula, considera que 30, 40 pessoas seja um número muito elevado, desconfortável para as crianças e para os professores.
A carga de trabalho também é alvo de críticas: professores levam atividades para casa e trocam horários de descanso por dedicação à escola. Essa prática consome a qualidade de vida. “Ele tem que ter impressora na casa dele, pagar a tinta do bolso dele, trabalhar fora do horário. É domingo, é sábado. É um desespero, isso é uma loucura, é um absurdo. A educação tem que estar na mão dos conselhos populares, tem que estar unido junto com as famílias, e é assim que a gente vai construir uma educação melhor.”
SAÚDE
Adriano Teixeira não tem dúvidas, Paranavaí precisa de um hospital municipal. “A gente tem nossos postinhos, mas falta muita coisa.” Classifica de absurdo o argumento de que a construção não é viável.
Sobre as unidades básicas de saúde, defende que haja mais, se necessário, uma em cada bairro. O formato do programa Mais Médicos, do governo federal, deve ser ampliado, garantindo que a população tenha acesso a atendimento humanizado, com serviços levados à porta de casa, sem a necessidade de enfrentar filas.
“A medicina cubana é preventiva. É essa que a gente tem que ter em todos os lugares, que é a prevenção. O médico está de casa em casa, está vendo o que vai acontecer, previne a situação. Então isso é importante, diminui as filas, diminui esse atendimento, tem que ser urgente.”
A saúde preventiva também levaria à solução de outro problema, a redução no tempo de espera para consultas, exames e cirurgias de especialidades.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Sobre as pessoas em situação de rua, especialmente no entorno do terminal urbano, muitas usuárias de drogas, Adriano Teixeira diz: “Não é só retirá-las dali, como estão fazendo algumas prefeituras. A gente sabe que é um problema de saúde. Tem um problema grave de falta de perspectiva”.
A solução passa pela oportunidade. “Esse pessoal precisa de estudo, de formação, de conteúdo técnico. Paranavaí precisa de formação de médico, de pessoas para trabalhar na construção civil, na mecânica.”
A capacitação garante melhores condições de vida, com renda mais alta e acesso a alimentação de qualidade. Nesse sentido, até que seja possível garantir condições iguais para todos, Adriano Teixeira é favorável a proporcionar acesso a refeições balanceadas, da forma como se dá no restaurante popular, mas com adaptações: “Sem pagamento, no caso. Eu acredito que R$ 3 é pouco, mas com nosso governo, o governo do Partido da Causa Operária, isso seria gratuito”.
SEGURANÇA
No quesito segurança, ao falar especificamente de proteção à mulher, o candidato do PCO é enfático: “A gente acredita no seguinte, o Partido da Causa Operária é a favor do armamento de toda a população. Nesse caso aqui, as mulheres devem ser treinadas e armadas também”.
Como rede de apoio, os conselhos populares dariam suporte. “Se você tem a segurança do bairro, da rua, organizada pela população, todos saberiam [que a mulher está sob ameaça], a amiga, o vizinho, o amigo que mora na rua da frente” e poderiam informar caso avistassem o agressor se aproximando. Ela estaria preparada para se defender.
Dentro dessa perspectiva, caberia ao Estado organizar o armamento da população. “Você não pode dar uma arma para o cidadão e deixar simplesmente assim. O governo tem que dar condições para que a pessoa tenha psicológico, treinamento, enfim, saber usar esse tipo de coisa, que eu acho que diminuiria, sim, os números.”
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Adriano Teixeira concorda que é preciso revitalizar o centro comercial de Paranavaí, mas não só. “A gente tem que fazer isso na Vila Operária, no São Jorge, no Ipê, no Sumaré… todos os bairros.” Para isso é necessário que o município conte com dotação orçamentária, e de onde viria o dinheiro? A resposta está no calote. Em vez de pagar as dívidas aos banqueiros, o governo federal deveria repassar os recursos para os municípios, a fim de atenderem todas as demandas da população.
INFRAESTRUTURA
Resolver os problemas da malha asfáltica de Paranavaí exige trabalho técnico, afinal as condições não são favoráveis, de forma ainda mais evidente nas áreas periféricas da cidade. “O buraqueiro é total. Tenho minha bicicleta, ando por aí diariamente, à noite também, e me esforço para não cair num buraco, bater a cabeça e morrer.”
Da mesma forma que é preciso cuidar de ruas e avenidas, é fundamental que haja investimentos nas galerias de captação da água da chuva. Os pontos de alagamento em diferentes bairros preocupam o candidato do PCO.
“A gente soube uma época que tinha até caixões subindo lá do cemitério [carregados pela força da enxurrada]. Isso não mudou até hoje, continua a mesma situação. E não é só ali, tem vários pontos. Tem ali também onde eu trabalho, no Oásis. Então é necessário que isso aí seja resolvido.”
Ainda a respeito de obras necessárias em Paranavaí, fala da demora na conclusão do teatro municipal, fechado para reforma desde 2018. Trata-se, na avaliação do candidato, de um importante equipamento para a cultura da população, mas não pode ser o único: é preciso que as ações sejam levadas até os bairros de forma gratuita.
Muito boa a entrevista