REINALDO SILVA
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O cartaz afixado na porta da Associação de Moradores do Jardim São Jorge, em Paranavaí, mostra a preocupação com as pessoas da melhor idade: “Cuidar dos nossos idosos é preservar a nossa história”. Ali têm espaço para praticar atividades físicas e fortalecer o convívio social – cuidam da saúde e fazem novos amigos.
O salão de festas é utilizado para eventos sociais, aniversários, casamentos e reuniões religiosas. O campo de futebol é palco para torneios que reúnem times amadores tradicionais da região e atraem grandes números de torcedores.
“Nosso principal objetivo é atender a comunidade do Jardim São Jorge”, diz o presidente da Associação de Moradores, Edson Dias, agora preocupado com a possibilidade de perder o imóvel que a comunidade utiliza há mais de 30 anos.
O terreno é concedido pela Prefeitura de Paranavaí e faz divisa com o Aeroporto Municipal Edu Chaves, que tem recebido volumosos investimentos, o mais recente permitiu a revitalização da pista de pouso e decolagem. Foram R$ 8 milhões para o recapeamento asfáltico e a mudança da sinalização horizontal conforme as determinações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
As melhorias permitiram elevação de categoria do aeroporto, o que chamou a atenção do Governo Federal e colocou Paranavaí na lista de prioridades para aplicação de novos recursos.
Sob a administração da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), empresa pública vinculada ao Ministério de Portos e Aeroportos, o Edu Chaves receberia em torno de R$ 40 milhões nos próximos anos, estima o secretário municipal de Administração, Márcio Assakawa.
Para que isso seja possível, uma das exigências é a construção da rampa na cabeceira da pista, obra que ocuparia a área onde está Associação de Moradores do Jardim São Jorge.
Diálogo – Representantes da comunidade e secretários municipais conversaram sobre o assunto, mas ainda não chegaram a um acordo. A oferta feita aos moradores é que utilizem o terreno ao fundo, a Associação dos Vereadores e Servidores da Câmara de Paranavaí, que também pertence à Prefeitura.
Na opinião de Assakawa, trata-se de uma proposta razoável, que leva em conta a importância da entidade para a comunidade. “O município se preocupa com a Associação de Moradores do Jardim São Jorge. Não queremos que acabe.”
O secretário de Administração explica que a mudança de endereço não depende da vontade do prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ), mas é fundamental para o processo de desenvolvimento econômico que se desenha para Paranavaí. “Se quisermos que o aeroporto receba mais voos e integre a rede regional, vamos precisar daquela área.”
Sem dar detalhes, Assakawa informa que pode haver contrapartidas do município. Não seria possível, no entanto, recuperar os investimentos feitos pela Associação de Moradores para a construção do salão de eventos e outras obras. A princípio há impedimentos legais para isso.
É uma das reclamações do presidente Edson Dias. Ao longo desses anos, a comunidade custeou melhorias importantes, como a construção de um poço artesiano e reformas no prédio. “É nosso cartão postal.” É a prova de que, juntos, os moradores podem transformar o bairro e dar exemplo para toda a cidade.
O espaço oferecido pela Prefeitura de Paranavaí não seria suficiente para abrigar toda a estrutura disponível à população atualmente. Haveria a necessidade de recomeçar e fazer novos investimentos. “Somos uma entidade sem fins lucrativos e não recebemos verbas públicas. O dinheiro que temos vem da própria comunidade”, aponta o presidente.
Ele pede que os agentes políticos se sensibilizem e diz que está aberto ao diálogo. Do lado da Administração Municipal, as portas também estão abertas para conversas em busca da melhor solução para o problema. A ressalva de Assakawa é que não há volta: as obras no Edu Chaves serão executadas.