*Rafael Octaviano
No último final de semana, Tite, o treinador do Flamengo, colocou um time reserva contra o São Paulo pensando no confronto contra o Palmeiras, isso realmente faz sentido?
O primeiro aspecto a ser observado é que como torcedores temos o direito de elogiar ou criticar qualquer tomada de decisão que envolva nossa equipe, pois somos passionais. Por outro lado, antes de levarmos adiante uma crítica com autoridade, precisamos tomar alguns cuidados, em especial, levar em consideração que quem toma a decisão reúne informações que nós torcedores não possuímos.
As valências físicas de maneira geral levam em torno de 72 horas para se recuperaram completamente. O primeiro ponto a ser observado, é o “princípio da individualidade biológica”, que faz com que organismos diferentes respondam de formas diferentes frente aos mesmos estímulos. O segundo ponto, é que no Brasil, equipes atuam entre 60 e 80 partidas por ano aproximadamente, e que deduzindo o período de férias, faz com que as equipes cheguem a atuar em um intervalo de 3 a 4 dias frequentemente.
Por não serem simétricos, os períodos de recuperação acabam sendo prejudicados, afinal, com jogos de segunda a segunda, muitas vezes o período de 72 horas não se completa, o que aumenta o risco de lesões. Outro fato importante, é que por se tratar de um país com dimensões continentais, atletas passam boa parte do tempo em aeroportos e hotéis. Some-se a isso, o fato de que os clubes, além dos jogos, têm que treinar por dois ou três dias na semana, o que faz com que o período de recuperação não seja completado, causando o que se conceitua como “fadiga residual”.
Outrossim, finalizo dizendo que poupar atletas, fazer rodízios, monitorar cargas de treinamento e recuperação é importante sim, e tirar atletas de jogos faz parte desse processo. Porém, não podemos confundir isso com poupar equipe inteira de uma partida importante pensando na próxima, afinal, performar é o objetivo, e o risco de lesão é inerente a qualquer esporte de performance.