REINALDO SILVA
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Cada R$ 1 investido na indústria gera R$ 3 para a economia. O setor é responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná e tem potencial para ampliar o índice de produção de riquezas. Para isso, é necessário investir em tecnologia, promover a inovação e melhorar a qualidade produtiva. Um dos resultados possíveis é a expansão do alcance internacional. “Precisamos olhar para fora e tentar acessar novos mercados”, disse o economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) Marcelo Alves, em entrevista coletiva concedida na manhã de ontem.
Profissionais de diferentes veículos de comunicação participaram de forma remota e conversaram com a equipe da Fiep sobre as expectativas para 2022. Em resposta ao Diário do Noroeste, Alves comentou especificamente sobre a cadeia produtiva de mandioca, que encontra destaque em Paranavaí e na região. Disse que é preciso apostar na pesquisa para o desenvolvimento de produtos e na capacitação da mão de obra, orientação que se estende para outros segmentos da agroindústria paranaense. “Podemos ter boa aceitação no mercado externo”, enfatizou.
Também economista da Fiep, Evânio Felippe acrescentou que o cenário é favorável para o setor. “Existem 7 bilhões de pessoas no mundo, uma multidão que precisa ser alimentada. A agroindústria do Paraná é forte e tem perspectivas de crescimento.”
O resultado geral da 26ª Sondagem Industrial, pesquisa anual feita pela Fiep com industriais de todas as regiões do Estado, confirma as projeções dos economistas. Para 68,7% dos participantes, o sentimento é de otimismo ou muito otimismo em relação a 2022. O índice é o mesmo alcançado no ano passado, quando a crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19 estava em momento mais crítico e o país ainda não tinha uma campanha de vacinação em curso, e está acima da média dos últimos 10 anos, que é de 66,7%.
Confiança na economia – O aceno positivo dos empresários leva em conta as expectativas de crescimento das vendas (67,8% dos entrevistados), a abertura de novos mercados (39%) e a previsão de investimentos (33,6%). Para o presidente do Sistema Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, o avanço da vacinação contra o coronavírus e a retomada de outros setores da economia contribuíram para a recuperação das indústrias este ano e para elevar o otimismo dos empresários. “Tivemos uma tragédia anunciada a partir de abril de 2020, mas conseguimos reverter.” A indústria retomou a confiança na economia, disse.
Quase 73% dos participantes da Sondagem Industrial afirmaram que têm planos de investir em 2022. Figuram entre as prioridades a melhoria de processos, produtos ou serviços (64,5%), a redução de custos de produção (48,7%) e a ampliação da capacidade produtiva (45,4%). Para o economista Marcelo Alves, as respostas sugerem uma estratégia de reposicionamento de mercado, para ganhar competitividade.
Para 67,5% dos entrevistados, os recursos próprios serão a principal fonte de investimentos. Gerente-executiva do Observatório Sistema Fiep, Marília de Souza citou a dificuldade de acesso a linhas de crédito como principal motivador para essa opção, independentemente do porte da indústria.
Sondagem Industrial – Na manhã de ontem, coube a Marília de Souza fazer a apresentação dos resultados da pesquisa. Ela informou que a coleta de dados se estendeu de 15 de setembro a 21 de novembro, através de questionários eletrônicos e contatos telefônicos. Das mais de 12 mil empresas, 235 tiveram respostas válidas, garantindo 95% de confiabilidade.
Segundo a gerente-executiva do Observatório Sistema Fiep, os industrias apontaram como temas que precisam ser discutidos em 2022, visando ao crescimento do setor: reformas fiscal e tributária, combate à corrupção, desburocratização, segurança energética e crise hídrica. Todos podem impactar nos negócios, resumiu.