A interrupção no fornecimento de energia elétrica, desde o último fim de semana, ainda persistia em algumas áreas rurais no entorno de Paranavaí nesta quinta-feira, 28. Muito produtores contabilizam os prejuízos materiais (queda de barracões, por exemplo), suspensão das atividades ou o custo de geração de energia. “Estamos gastando 300 litros de óleo diesel por dia com o gerador”, diz o avicultor José Luiz Favarin, cuja propriedade fica no Distrito de Graciosa.
Os problemas com energia começaram, na verdade, na sexta-feira. Em Graciosa houve uma interrupção já naquele dia, mas voltou algumas horas depois. No sábado, houve nova interrupção e ainda há propriedades sem energia.
Não bastasse a energia, a força do vento também provocou danos na estrutura física de barracões. “Tivemos problema na estrutura e na forração. Vamos ter que parar para reformar o barracão. Vai demorar uns 90 dias para voltar ao normal”, reforçou Favarin, que deve perder dois lotes de engorda do frango no período. Ele estima que entre o que está gastando com o gerador, a reforma que vai ter que fazer e o que vai deixar de faturar no período os prejuízos chegaram na casa de R$ 300 mil.
Situação idêntica está o produtor de leite Vianei Schmitz, cunhado e vizinho de Favarin. O vendaval levou ao chão seu barracão de confinamento e onde também estava a sala de ordenha, de aproximadamente 2,200 m². “O vento veio de baixo para cima e as paredes caíram para fora”, conta ele. Foi graças a isto que suas 58 vacas sobreviveram – apenas uma delas quebrou uma das patas.
A ordenhadeira também não foi atingida, mas não pode ser utilizada porque não tem energia elétrica. E ainda que houvesse, ele precisa cobrir novamente a sala. O gado está, por ora, no pasto de Favarin e está fazendo a ordenha numa propriedade de outro parente. “Mas a produção já caiu de1.600 litros para mil litros”, revelou Schmitz. A queda da produção é consequência da falta de conforto que as vacas tinham no confinamento. O resfriador de 4 mil litros também está parado. E o caminhão que recolhe leite agora passa diariamente – antes era a cada dois dias.
Sobre os prejuízos, ele disse que se fosse fazer tudo novamente, considerando as obras físicas, rede de energia elétrica, equipamentos etc, seria algo entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão. “Mas os vizinhos estão ajudando, fazendo um ‘cata” (selecionando o que sobrou) para ver o que se aproveita. Vou fazer um barracão menor para a sala de ordenha e por enquanto deixar o gado no pasto”, diz ele, que vai ter que emprestar dinheiro para recomeçar.
Copel – O Sindicato Rural de Paranavaí vem recebendo reclamações de vários associados que tiveram prejuízos por conta da interrupção no fornecimento de energia elétrica. O presidente Ivo Pierin Júnior está orientando os associados a documentarem os prejuízos decorrentes da queda de energia elétrica.
Ele explica que em alguns casos é possível conseguir o ressarcimento junto a Copel administrativamente ou então atração de ação na Justiça. “Estamos conversando com a FAEP, que tem assento no Conselho de Consumidores da Copel, para levar o assunto em discussão e tentar minimizar os prejuízos que os produtores estão tendo por causa da falta de energia”, explicou.
Pierin quer discutir mecanismos de apoio para alternativas suplementares de geração de energia nas propriedades de risco alto de prejuízos que podem vir a ser indenizados pela concessionária, tendo em vista que esses fenômenos climáticos estão cada vez mais frequentes.