Aleksa Marques / Da Redação
Antônio Torres de Carvalho tem 77 anos e nasceu no interior do Ceará. É o segundo filho de nove irmãos e estudou até o 4º ano do primário para poder ajudar o pai na lavoura. Aos 10 anos foi trabalhar em uma serraria e, mais tarde, se tornou gerente do estabelecimento. Aos 18 se alistou ao exército de Crateús, no estado onde nasceu, e por ali ficou durante um ano.
Em 1970 fez um curso de segurança bancária, começou a trabalhar na área e veio a Paranavaí seis anos depois trabalhar como chefe da equipe do setor de segurança bancária. Fez também a faculdade de contabilidade e foi convidado pela juíza da Comarca de Paranavaí da época, Terezinha Ribeiro Ruzon, para ser comissário de menor.
Mal ele sabia que, anos mais tarde, por conta de seu trabalho árduo no cartório, seria convidado para assumir o posto de juiz de paz da cidade. Profissão que ‘Espadinha’, como é popularmente conhecido, ocupa desde 1º de abril de 1985 com mais de 15 mil casamentos realizados.
“Eu acho que casei metade de Paranavaí, parei de contar há muito tempo. Tem uns que deram certo, outros nem tanto. Por que alguma coisa sempre tem, né?”, disse sorrindo a frase já conhecida entre seus colegas de trabalho e pessoas próximas.
Outro ponto destacado por ‘Espadinha’ em suas falas é que o casal pode até dormir brigado, mas tem que acordar bem para resolver os problemas do dia. Ele diz ainda que faz casamento, não convivência e que sempre que pode, dá conselhos para os casais. Ele diz que viu o amor mudar ao longo dos anos, mas que sempre busca resgatar nos casais compartilhando suas experiências.
Em tantos anos como juiz de paz, Espadinha passou por inúmeros acontecimentos inusitados. “Já vi noivo desmaiar, pai da noiva não querer deixar ela entrar, a noiva ficar envergonhada e eu ter de sair da sala. Essas coisas acontecem nas melhores famílias”, brincou.
Homenagem – E esse amor pelo trabalho gerou frutos. Na noite da última segunda-feira (19) Espadinha recebeu uma menção honrosa na Câmara de Vereadores de Paranavaí “pelo seu enorme coração, sua bondade e por tudo o que ele já fez pelas pessoas”, explicou o vereador Carlos Augusto, propositor da honraria.
Carlos trabalha com ‘seo’ Antônio no Cartório de Registros há anos e acompanha de perto o trabalho executado com maestria. Motivado por ele, hoje é também celebrante de casamento social e sentiu a necessidade de homenageá-lo para que todas as pessoas reconhecessem seu valor.
Quando Dante Ramos Júnior chegou ao Cartório da cidade em 1987, Espadinha já estava lá. Ele comenta que é sempre muito bom ter a vivência e experiência de um homem tão sábio em todos os momentos do dia e que as famílias sentem como se ele fosse parte da história.
“Ele está no álbum de fotografias de grande parte das famílias da cidade e todos o têm com muito carinho. A maneira que ele tem de conduzir os casamentos é muito conhecida e as pessoas se identificam. Ele já é um símbolo de Paranavaí.”
Segredo – Qual o segredo para realizar tantos casamentos, Espadinha? “Acho que é o amor que tenho pelo o que eu faço e a experiência do meu próprio casamento. E digo mais: respeito e admiração pelo outro é tudo e se os dois não estão bem, tem que dar um jeito. Passa o pezinho no companheiro, faz um carinho e resolve”, finalizou.