DA FOLHAPRESS
Após casos de racismo envolvendo Vinicius Junior e a repercussão causada, LaLiga apresentou nova identidade visual, sob o lema “a força do nosso futebol”.
O texto de divulgação, enviado pela assessoria de imprensa da entidade que organiza o Campeonato Espanhol, fala em reafirmar “o compromisso da competição em ter um impacto positivo na sociedade”.
O dossiê de mudança de marca e do que chama de “nova era” no futebol do país, porém, cita racismo apenas uma vez. O relatório ressalta que LaLiga é o “maior ecossistema de futebol do mundo, com a rede internacional mais extensa entre todas as propriedades esportivas, presente em 41 países por meio de 11 escritórios, e com crescimento sustentado em todas as áreas nos últimos 10 anos”.
A arrecadação total dos clubes da primeira divisão foi de 4,8 bilhões de euros (R$ 25,3 bilhões pela cotação atual) em 2020.
No mês passado, Vinicius Junior, atacante brasileiro do Real Madrid, reclamou de ter sido insultado e chamado de “macaco” durante o jogo contra o Valencia, que chegou a ser interrompido pela arbitragem. Estes ataques levaram a Procuradoria a abrir uma investigação por “crime de ódio”, categoria penal que, na Espanha, inclui crimes raciais.
Foi a décima vez que o brasileiro sofreu ataques de cunho racial nos últimos dois anos. Sete pessoas foram presas pela polícia espanhola. Três delas relacionadas às ofensas em Valência. Após depoimento ou pagamento de fiança, todas foram liberadas.
Depois do incidente, Tebas respondeu no Twitter ao brasileiro, insinuando que ele estava sendo manipulado e parecendo minimizar o episódio. Vinicius partiu para o ataque, contestou o dirigente, postou vídeos e mensagens reforçando casos de racismo no futebol espanhol. Tebas pediu desculpas.
Ele depois iniciou uma blitz mediática para tentar diminuir o estrago à imagem da liga e a divulgação da nova identidade visual, com também mudança do logotipo do torneio, faz parte disso.
“O futebol espanhol não é racista. A Espanha não é racista”, disse. Pouco depois, afirmou em conferência de imprensa jamais ter praticado atos de discriminação racial em sua vida.
O dirigente confessou a preocupação com a imagem do torneio, acusado de ser complacente com atos racistas e só ter agido no momento em que os patrocínios passaram a ser ameaçados.
“Claro que estou preocupado [com a imagem]. Se não estivesse, estaria maluco. Trabalharemos para dar solução a essa imagem. Estou preocupado e a gente tem de trabalhar. Na vida, às vezes a gente recebe golpes.”
No dia seguinte à partida em que Vinicius Junior foi hostilizado, o Santander, principal patrocinador do campeonato, divulgou um curto comunicado. “O Santander repudia veementemente qualquer manifestação de preconceito ou racismo e apoia uma solução rápida”, dizia a íntegra da mensagem. No ano passado, o banco havia anunciado que não renovaria seu contrato com a competição. A empresa de games EA Sports, que será a próxima patrocinadora, não se manifestou sobre o que aconteceu.
Ele reivindica que LaLiga tenha poder de aplicar punições a clubes e jogadores em casos de discriminação, prerrogativa que hoje pertence à Real Federação Espanhola e à Justiça do país.
Para a campanha de divulgação da marca, a mudança visual é uma evolução e trata-se de “outro símbolo da mudança que está ocorrendo, uma evolução ancorada na transformação da LaLiga em algo para todos, e no poder transformador positivo do futebol na sociedade”, completa o texto da entidade.