O agravamento da crise hídrica, a instabilidade no ambiente político do país e o aumento em cadeia nos custos de produção podem ter sido responsáveis pela queda de 6,3 pontos no Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) em setembro, na comparação com o mês anterior. O indicador é acompanhado mensalmente pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Este mês, o ICEI fechou em 60,1 pontos contra 66,4 de agosto. O resultado também ficou 4,7 pontos abaixo do registrado em setembro do ano passado, quando foi de 64,8 pontos. Mesmo com a redução, o resultado ainda revela otimismo por estar acima dos 50 pontos, numa escala que vai até 100.
Esse índice consegue captar mensalmente as percepções do empresário sobre a evolução da conjuntura econômica, a maneira como ele enxerga o comportamento da atividade industrial e como esse cenário afeta o desenvolvimento dos negócios. O ICEI é formado pelo Indicador de Condições, que afere a percepção do empresário sobre a evolução da economia e de sua empresa nos últimos seis meses, e pelo de expectativas, com peso dois, que faz a mesma comparação para o futuro. Em setembro, o indicador de condições ficou em 55,5 pontos e o de expectativas, 62,4. Houve diminuição de 6,5 e de 6,2 pontos, na comparação com agosto, respectivamente.
Vários fatores podem influenciar a opinião do empresário ao responder a pesquisa. “Este mês, prováveis causas podem estar atreladas ao agravamento da crise hídrica no Brasil, que pode afetar o fornecimento de energia nos próximos meses e comprometer a operação das indústrias”, explica o economista da Federação das Indústrias do Paraná, Evânio Felippe. “A instabilidade no ambiente político do país e o aumento nos custos de produção, em função da alta na taxa de câmbio e do aumento da inflação, são outras possíveis causas”, justifica. “Na medida que essas informações se sobrepõem às boas notícias no mercado, o empresário fica preocupado e tende a segurar investimentos, novas contratações e expansões”, completa.
Para o também economista da Fiep, Marcelo Alves, a crise energética aparece como principal motivo da queda do ICEI. “A energia tem um impacto efetivo na produção das indústrias e pode afetar o setor ao longo do próximo ano, comprometendo as operações, se houver necessidade de racionamento”, avalia.
Alves aponta ainda fatores relacionados às reformas estruturais, que saíram da pauta do congresso. “Elas poderiam trazer um fôlego novo ao setor produtivo no processo de retomada econômica”, lamenta. Para o economista, outras questões como a previsão menor de crescimento do PIB este ano e a dificuldade de retomada dos empregos no setor formal, com carteira assinada, também preocupam. “A recuperação da economia pós-pandemia pressupõe um cenário de confiança do empresário e disposição para novos investimentos. O possível encolhimento da economia chinesa este ano, que pode ter influência na economia mundial, reduz as chances de um cenário mais favorável também no Paraná, já que 30% das exportações do estado tem como destino o país asiático”, conclui. Mas, por outro lado, o avanço da vacinação e a redução do contágio, que sugerem um maior controle da pandemia no estado, aparecem como contraponto para uma retomada da atividade industrial no Paraná.