ANA PAULA BRANCO
DA FOLHAPRESS
As propostas para contas públicas apresentadas nesta quinta (12) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), foram bem recebidas por economistas de grandes instituições financeiras convidados para uma reunião na manhã desta sexta, disseram dois dos participantes, após o encontro.
Eles ressaltaram, porém, a importância de duas outras medidas para aumentar a confiança dos credores na capacidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva de controlar a trajetória da dívida: novas regras finais (o chamado arcabouço fiscal) e reforma tributária.
Como mostrou a Folha, economistas já vinham alertando a Fazenda sobre a importância de acelerar a definição das novas regras, para reduzir o custo político da tramitação do Orçamento.
Na saída do encontro, Joaquim Levy, economista-chefe do Banco Safra, disse que Haddad reforçou as indicações feitas na véspera, na apresentação do pacote de medidas. “A boa notícia é que eles estão olhando com bastante atenção os próximos passos. A reforma tributária, que é fundamental, e o arcabouço fiscal, olhando para o gasto. Acho que foi muito construtivo.”
Ex-ministro da Fazenda (no governo Dilma), Levy afirma que a sinalização do ministro para os próximos anos dá “um mapa” do que será possível esperar da economia brasileira e do seu crescimento.
Segundo o economista-chefe do BTG, Mansueto Almeida, Haddad refez a promessa de entregar novas regras fiscais no primeiro semestre deste ano –a PEC que elevou a permissão de gastos fora do teto estabelece como prazo o final de agosto.
Mansueto, que foi secretário do Tesouro durante o governo Bolsonaro, também disse considerar positivas as perspectivas de avanço da reforma tributária. “Já tem a proposta a partir da PEC 110 e da PEC 145, tem uma pessoa que entende bastante de reforma tributária, que é Bernard Appy. Acho que mais rápido do que a gente esperava, a gente vai ter uma proposta de reforma tributária que será levada ao Congresso”, afirma
Segundo os economistas, o mercado recebeu muito bem as medidas anunciadas na quinta.
“Parece que estamos no caminho de um déficit primário em torno de R$ 100 bi. A gente precisa esperar algumas medidas que precisam ser aprovadas no Congresso: a reoneração da gasolina, que deve voltar em algum momento”, diz Mansueto.
De acordo com ele, o pacote fiscal, as novas regras para as contas públicas e a reforma tributária serão importantes para reduzir o risco Brasil –o que reduz os juros cobrados pelos credores.
O convite foi feito por telefone pessoalmente pelo ministro a cada um dos economistas. A reunião, que pode ser vista como uma tentativa de conquistar o mercado, ocorre no dia seguinte ao anúncio de medidas fiscais que, segundo os números apresentados pelo ministro, poderiam transformar um déficit de 2,16% do PIB em um superávit de 0,1%.
Também participaram da reunião o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, e os economistas Bruno Funchal, da Bradesco Asset, Daniel Cunha Nascimento Silva e Marcos Azer Maluf, da Necton, e Mauricio Oreng, do Santander.