*Dom Jaime Vieira Rocha
No próximo domingo, 21 de novembro, celebramos o dia da Padroeira da Arquidiocese de Natal, Nossa Senhora da Apresentação. Este ano festejamos com mais alegria no coração e gratidão pelas graças recebidas, com ânimo renovado, com a mente consciente de que estamos juntos no caminho da fé, na esperança e na caridade.
Desde o dia 11 até esse domingo os fiéis, diante da imagem da Virgem Maria, encontrada nas águas do Rio Potengi, em 1753, com a frase que nos consola e anima: “Aonde esta imagem chegar, nenhuma desgraça acontecerá”, participam dos festejos em honra daquela que, esposa de São José, sempre foi fiel na escuta da Palavra e se torna, por isso, auxílio dos cristãos. A escolha desse tema, proclamação de fé da Igreja, se encontra na caminhada eclesial que estamos vivendo. Estamos vivendo o Ano Especial dedicado a São José, comemorando os 150 anos da sua proclamação como Patrono Universal da Igreja. Embora, de São José tenhamos poucas notícias nos Evangelhos, inclusive não encontramos palavras do pai adotivo de Jesus, o que se apresenta no Evangelho de Mateus, especialmente nos “sonhos” onde acontece a revelação da Encarnação de Jesus Cristo e o chamado divino de aceitação da missão como esposo da Virgem Maria, nos faz ver a vida e a missão do Esposo da Virgem Maria.
Outo motivo de nossa caminha eclesial se dá na ênfase do pilar da Palavra. Seguindo as orientações pastoral dos Bispos do Regional NE 2, do qual participamos como Igreja Particular, esse ano procuramos refletir sobre a Palavra de Deus como alicerce de nossa fé e de nossa ação evangelizadora. Esse pilar renova a nossa ação pastoral, pois, passamos de uma “pastoral bíblica” para uma “animação bíblica de toda pastoral”, lembrando sempre dos rumos da nossa Igreja, especialmente a partir do Concílio Vaticano II com a beleza e a força da Constituição Dogmática sobre a Revelação divina, Dei Verbum. É preciso tornar a Palavra de Deus mais conhecida e amada. E a Mãe de Jesus é exemplo dessa relação com a Palavra. Uma relação que cria comunhão, que nos reúne no caminho para que, juntos, sigamos as pegadas do Cristo, Mestre e Senhor.
Por fim, refletimos nos dias da novena em honra de nossa Padroeira, o título de “Auxílio dos cristãos”. Neste tempo em que estamos vencendo a pandemia a intercessão e a súplica à Mãe de Deus se fez muito presente. Nunca o fato de recorrer à sua intercessão deixou os cristãos desamparados. “Escolhida entre todas as mulheres, modelo de santidade e advogada nossa, ela intervém constantemente em favor de vosso povo” (MISSAL ROMANO. Prefácio da Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida). O sinal da Mãe de Deus para nós, católicos de Natal, é sinal de esperança. Mas, ao mesmo tempo, de reconhecimento da necessidade de corresponder, colaborar no plano de Deus que é de vida plena, de fraternidade, de paz. A pandemia nos ensina que não podemos encontrar o caminho justo para o desenvolvimento e o progresso da sociedade sem que o respeito pelo bem comum aconteça. Nunca nos vimos tão necessitados de percorrermos um caminho de solidariedade, de partilha, de vivência de fraternidade que traga para nossas comunidades a experiência de uma vida digna, respeitosa, amável e fortalecida na proximidade, na acolhida, na presença que se faz “sacramento”, isto é, símbolo e sinal de comunhão com Deus.
Que Nossa Senhora da Apresentação, esposa de José, fiel na escuta da Palavra e nosso auxílio na caminhada seja sinal de luz e de paz para todos nós. Amém.
*Dom Jaime Vieira Rocha É arcebispo de Natal (RN)