O sol nem bem nasceu, lá vão elas, as mães, para preparar o caminho de seus filhos.
Rumo aos mais inusitados trabalhos:
Na roça, retira o alimento da terra, entre pedras e espinhos.
Na cidade, mães operárias realizam o ofício repetitivo, sem apresentar cansaço. Chegam em casa à noitinha, para mais uma jornada.
Há mães desempregadas, domésticas, costureiras, doceiras, que buscam recursos extremos para suprir seus lares.
Às mães que perderam seus filhos na guerra, pelas doenças, acidentes e outras fatalidades da vida, eterna gratidão!
Na Escola, as mães professoras, colocam em evidência o melhor de seus alunos. Com carinho e ternura, realizam o trabalho de séculos, sabendo que o reconhecimento nem sempre acontece.
São responsáveis por grandes sonhos, transformando vidas, na difícil tarefa de educar gerações.
São tantas mães que até Jesus, o filho de Deus, quis ter uma.
Proteção é a palavra de ordem, que vem do colo quente e mãos acolhedoras.
Adélia Prado diz:
“Minha mãe cozinhava exatamente:
arroz, feijão roxinho, molho de batatinhas.
Mas cantava.”
Sim, é o canto único das mães que ecoa na melodia da vida, em nossa memória afetiva.
Lá no céu, os Anjos saúdam todas as Mães, esses seres espirituais que, mesmo depois que partem, continuam abençoando seus filhos, na eternidade.
Fica a pergunta de Carlos Drummond de Andrade:
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mães não têm limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
mistério profundo
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do mundo,
baixaria uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará para sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Homenagem do Grupo de Professores Aposentados (GPA)
Texto: Gersonita Elpídio dos Santos