Prova tinha um formato de 12 horas. Isso significa que os participantes deveriam correr a maior distância possível durante esse período de tempo
MONIQUE MANGANARO
Da Redação
Até onde o corpo humano pode chegar? Qual o limite da resistência física e mental? As respostas para essas perguntas são relativas. Tarefas que muitos julgam impossíveis, outros são capazes de desempenhar com maestria e mostrar as possibilidades infinitas da máquina a que damos o nome de corpo.
Em um feito repleto de persistência e determinação, o atleta de Paranavaí Diego Inácio da Silva, integrante do Instituto VC Run, correu impressionantes 110 quilômetros em uma ultramaratona realizada no início do mês em Pinhais, município da Região Metropolitana de Curitiba. A participação neste tipo de prova, no entanto, já é algo natural para ele, que se tornou ultramaratonista há nove anos.
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Silva relata que entrou no mundo da corrida há uma década. Após pouco mais de um ano, já estava se aventurando nas provas com distância superior à da tradicional maratona (42.195 metros) e cruzando a linha de chegada após correr 105 quilômetros. Desde então, especializou-se nessa vertente do esporte.
“Cruzar a linha de chegada de uma ultramaratona é um misto de alívio e dever cumprido. Um momento que acho muito legal em todas as provas é passar a marca de 100 quilômetros correndo. Correr três dígitos é sempre um desafio”, afirma.
A ultramaratona feita neste mês, no entanto, se destacou em relação aos demais percursos percorridos pelo atleta. Diferentemente da maioria das provas, o desafio se mostrou ainda mais complicado para ele, já que se tratava de uma corrida em circuito.
A prova tinha um formato de 12 horas. Isso significa que os participantes deveriam correr a maior distância possível durante esse período de tempo. Um obstáculo importante era o local onde a prova foi realizada: uma pista de corrida de 2.400 metros, o que fazia os atletas correrem em “círculos”.
Silva conseguiu atingir a marca de 110,4 quilômetros percorridos em 12 horas e conquistou o quinto lugar geral. “São 12 horas de corrida de você com você mesmo, em um ambiente que acaba se repetindo por muitas vezes. Mentalmente, ultramaratonas em circuito são muito mais desafiadoras. Em provas longas, com mais de 100, 200 quilômetros, mais que treinamento físico, resiliência mental é o que faz a diferença”, acrescenta.
Além da capacidade emocional, suportar tamanho desgaste não é uma tarefa simples para nenhum atleta. O paranavaiense considera a preparação tão desafiadora quanto a prova. Ele explica que são meses dedicados a treinamentos intensos, com muitas horas de corrida ao longo dos dias.
“Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, não corremos a distância da prova na preparação. Minha maior distância em treinamento para essa prova foram 50 quilômetros divididos em dois treinos no dia. Meu volume de treino chegou a 150 quilômetros por semana. Cheguei a correr de duas a três vezes no mesmo dia”, relembra.

Foto: Arquivo pessoal
Superado o desafio da preparação, chega a dificuldade em se manter bem ao longo de tantas horas de extremo esforço físico. Silva cita uma curiosidade sobre o consumo de carboidratos usados para garantir energia durante toda a prova. Nesta última ultramaratona, o atleta consumiu 90 gramas do macronutriente por hora em forma de suplementação.
A título de comparação, em uma xícara de macarrão cozido (cerca de 145g) há cerca de 38 gramas de carboidratos. Um prato fundo do alimento contém aproximadamente 230 gramas de macarrão, “então, é como se eu tivesse ingerido 24 pratos de macarrão durante a prova”, explica Silva.
Metas futuras – Mantendo o foco nas corridas de longa distância, o atleta pretende se preparar para um desafio ainda maior neste ano. O objetivo é participar de uma prova de 320 quilômetros em novembro. “Diferentemente dessa última prova, será um percurso de estradas de chão e em meio a mata. É o que chamamos de Ultra Trail”, revela.
Apoio – O atleta tem o apoio do Programa Bolsa Atleta e das empresas Recanto Animal, Artesani Farmácia de Manipulação, Podium Alimentos, Farmácia Ouro Branco, Grupo Incopostes, Laboratório Becker, Run 2.0 Assessoria de corrida e Nexseed Investimentos.