Uma chuva de rosas…
Ainda antes da sua beatificação em 29 de Abril de 1923 já a figura de Teresa Martin, religiosa carmelita de Lisieux, começava a ser conhecida na Europa. Os seus escritos começaram a tornar-se famosos, devido à ação do Carmelo, mas também e acima de tudo, pela profundidade espiritual que aí revelava.
O «pequeno caminho», a infância espiritual, começava a tornar-se modelo espiritual para uma aproximação ao mistério de Jesus Cristo. A descoberta da missão, por Teresa de Lisieux, no seio da Igreja, apaixonou e continua a apaixonar os que se debruçam sobre a vida desta jovem carmelita. «No seio da Igreja minha Mãe, eu serei o Amor».
A serena afirmação de uma vocação que toca a universalidade, a procura inquieta de um lugar na Igreja, um caminho de conversão e a postura de abandono nos braços de Deus, fez de Teresa Martin uma figura incontornável. Proclamada Padroeira das Missões em 1927, dois anos apenas após a sua canonização, é a afirmação desta universalidade da vocação.
«Vim para o Carmelo para salvar almas mas acima de tudo rezar pelos sacerdotes». A vocação de Santa Teresinha toca, de facto, muitos pontos o que faz dela, como dizia Pio XI, «a maior Santa dos tempos modernos». A proclamação como Doutora da Igreja pelo Papa João Paulo II em 1997 é a afirmação da profundidade da sua personalidade e dos seus escritos.
Na verdade, no primeiro quartel do século XX, a beatificação e depois a canonização desta jovem religiosa foi uma marca profunda na vida espiritual de muitos cristãos.
Pode-se dizer que esta intimidade criou um novo modelo de santidade, com uma postura inovadora para a época — sem mortificações excepcionais, nem fenômenos místicos tais como visões ou êxtases; ao contrário, incentivou coisas simples como orações e profundas meditações, sem atos externos de impacto. Trata-se do método da excelência da virtude nas pequenas coisas.
Suas características mais marcantes são basicamente a simplicidade, a magnanimidade e a mais profunda alegria, mesmo sob as mais rigorosas provações. Sabedoria e força, com doçura. Esta é a santidade possível e este foi o sistema de Santa Teresa.
O segredo da santidade de Teresa do Menino Jesus está na perfeita harmonia das virtudes que lhe adornam a alma e a tornaram tão agradável aos olhos de Deus. São: a humildade e a simplicidade, abnegação de si própria, levada até o heroísmo, o espírito de sacrifício, um amor sem limites a Nosso Senhor e uma confiança sem reserva em Deus. Como não há nada de extraordinário na vida desta santa carmelita, seu exemplo é perfeitamente imitável por todos que seriamente querem a salvação de sua alma. Basta imitar-lhe as virtudes, invocar lhe a poderosa intercessão.
O Espírito Santo, que rege a Igreja de Deus sobre a terra, reservou esta mimosa flor do céu para os nossos tempos, tão pobres de amor e tão saturados de miséria. Graças lhe rendemos por ter dado aos filhos um exemplo tão perfeito de virtudes e santidade, que mostra à humildade o “pequeno caminho” da santificação. Benfeitora que é dos pobres mortais, que se lhe dirigem nas necessidades materiais e espirituais; padroeira dos missionários que trabalham nas linhas mais avançadas da milícia de Cristo, na terra dos pagãos – a Igreja Católica, reverente, curva-se diante desta filha privilegiada, que tanto já fez e mais ainda fará, para implantar o reino de Cristo nos corações dos homens.
Santa Teresinha falou: “Chegam aos meus ouvidos alguns acordes de bonito concerto longínquo e me veio ao pensamento: dentro em pouco ouvirei melodias incomparavelmente mais bonitas e harmoniosas. Na verdade, o objetivo principal de meus anseios, que faz meu coração palpitar com mais força, é o “Amor” que hei de receber e que também poderei manifestar. Sinto que na eternidade começará a minha missão, a missão de fazer as pessoas amar a DEUS, como eu O amo… E para isto, tenho que ensinar as almas o “Meu Caminhozinho” (Pequeno Caminho). Quero passar o meu Céu fazendo o bem na Terra, o que não será impossível, porque no seio da visão beatífica estão os Santos Anjos rezando por nós. Assim, realizarei o meu objetivo sem descanso, até o fim do mundo! Só quando o Anjo disser: “Passou o tempo” (Ap 10,6) é que vou descansar e gozar a eternidade, porque completou a apuração do número dos escolhidos, daqueles que junto com todos os habitantes do Paraíso, louvarão e adorarão eternamente o CRIADOR”.
– “E que caminhozinho é esse que você quer ensinar às almas?” Perguntou a Madre.
– Minha Madre, é o “Caminho da Infância Espiritual”, o caminho da confiança e do abandono completo nas mãos de DEUS. Quero indicar-lhes os pequeninos expedientes, que tão bom resultado surtiram para mim. Quero dizer-lhes que a santidade neste mundo pode ser alcançada com pequenos atos: ofertando a JESUS as flores dos pequenos sacrifícios e cativando o SENHOR através de carícias e atenções. Porque foi assim que eu O cativei, e por isso, hei de obter DELE o bom acolhimento que sem dúvida acontecerá.” (pág 293/294).
Frei Filomeno dos Santos O.Carm.