Frei Alberto Henrique Ferreira Marini, O.Carm.
Toda a Igreja do Brasil dedica anualmente, no mês de outubro, uma atenção especial para a realidade missionária. Genericamente, a palavra “missão” significa uma tarefa ou um encargo que recebemos de uma pessoa em vista de algo. Porém, no universo bíblico-cristão, quem nos encarrega dessa tarefa ou dessa missão?
Na Sagrada Escritura, Deus sempre procurou chamar pessoas para anunciarem a sua mensagem e denunciarem as situações de opressão e injustiça que havia na sociedade daquela época. No Antigo Testamento, esses porta-vozes de Deus entre as pessoas eram chamados de profetas, tais como: Jeremias, Isaías, entre outros.
Com maior ênfase no Novo Testamento, as missões têm a sua realização no mandato missionário de Deus, que envia seu filho, Jesus Cristo, para nos revelar o seu rosto misericordioso entre as pessoas. Por sua vez, Jesus Cristo, pela força do Espírito Santo, envia seus discípulos para anunciarem a Boa Nova do Reino. No evangelho de João, escutamos Jesus que diz aos seus discípulos: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 19, 21). Nesse sentido, somos os continuadores da obra missionária de Jesus aqui no mundo terreno.
Quantas pessoas ou situações que encontramos pelo mundo afora e ainda desconhecem o rosto humano de Deus? Quantos que se encontram desesperançosos, tristes, abatidos ou sem algum sentido na vida? Somos convidados, por meio desses questionamentos, a levar o Evangelho da alegria, presença e sinal do próprio Jesus a essas pessoas, como bem nos coloca o Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, que fala sobre a Alegria do Evangelho em nosso mundo de hoje. Segundo o olhar do Papa Francisco, “é preciso sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG, 20).
Na passagem do evangelho de São Lucas (Lc 10, 25-37), Jesus nos apresenta a parábola do Bom Samaritano. Segundo esse relato bíblico, um homem é espancado e deixado semimorto à beira da estrada. Passando pelo mesmo caminho, tanto o sacerdote quanto o levita são indiferentes com a vulnerabilidade desse homem. Contudo, um samaritano age com misericórdia e cuida do sofrimento do semimorto. Assim também, podemos buscar exercer o papel de “samaritanos”, que saem pelas periferias existenciais para acolher e cuidar da realidade sofredora de muitas pessoas, sejam elas: dependentes químicas, famintas, sem moradia, sem algum sentido na vida.
De fato, compreendemo-nos como uma “Igreja em saída”, missionária, que sai pelas ruas das cidades e periferias para evangelizar, anunciar a Boa Nova. Houveram na história da Igreja exemplos de tantos santos e santas que se dedicaram a esse serviço de Deus com a disponibilidade e generosidade de coração.
De fato, compreendemo-nos como uma “Igreja em saída”, missionária, que sai pelas ruas das cidades e periferias para evangelizar, anunciar a Boa Nova. Houveram na história da Igreja exemplos de tantos santos e santas que se dedicaram a esse serviço de Deus com a disponibilidade e generosidade de coração. Dois destes santos são considerados patronos da missão: São Francisco Xavier (1506-1552), um sacerdote jesuíta e evangelizador das terras do oriente; e Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897), uma monja carmelita que muito rezou pelas vocações da Igreja. Seja, pois, um bom discípulo-missionário de Jesus na sua casa, na sua família, na sua comunidade de fé, no seu trabalho, na sua escola e entre seus amigos, para que sintamos sempre a presença desse Deus presente em nossa vida e caminhada.