O homem é um ser de esperança, ou da esperança. Quando as coisas estão difíceis alimenta-se da esperança de que “dias melhores” vão chegar, por isso, encoraja-se a lutar e buscar criatividade para “vencer os desafios e vai criando aos poucos” o futuro melhor que espera.
Quando os povos estão oprimidos por grandes impérios, e reis poderosos e impiedosos, a esperança é: que o império seja derrubado, e que um rei justo e bondoso venha a reinar. Quando se está doente, o que se espera é que se encontre a cura, ou alguém que nos cure. Quando “em tempos de guerra” a paz é sonhada e idealizado “tempos de paz”. Quando se tem “tempos de sofrimento”, de luto, de opressão, a esperança se alimenta na espera de “tempos de festa”, de alegria, e espera de um libertador que venha nos salvar.
O povo de Israel, povo da Bíblia de modo especial, é um povo que caminha na esperança, porque ela é alimentada “pelas promessas feitas” por Javé, o seu Deus. A certeza, ou a fé de que Ele o “Deus que caminha com eles”, têm um projeto de salvação, de liberdade. A História do povo da Bíblia “é construída em cima destas promessas”, e na fidelidade de Deus, que é fiel, promete e cumpre o que foi prometido. Mas, muitas vezes também a história deles é feita pela “fidelidade de Deus” e a infidelidade do povo. Às vezes o povo numa situação difícil, como o exílio da Babilônia, se pergunta e toma consciência que foram os seus pecados, a sua infidelidade, a Javé, “o Deus da Aliança” que aconteceram todos os sofrimentos. E, então, a esperança entra em ação através dos profetas, que despertam a memória do povo, das ações maravilhosas realizadas por Deus, ao longo de sua história, como a libertação do Egito, “o Êxodo”, os sinais luminosos de sua presença. Os profetas Ezequiel, e principalmente Isaías, lançam a esperança: “De que Deus vai agir novamente, que “vai abrir” um caminho no deserto, o deserto vai florir, vai correr rios de água, o Senhor como um pastor vai recolher “as ovelhas dispersas”, vai curar as feridas, vai conduzir “ao colo as ovelhas pequenas”, vai alimentá-las, e vai caminhar à sua frente. Isaíias 35,1-10. Sempre também se diz: “Naqueles dias”, “naquele tempo” e o anuncio: “O espírito do Senhor repousa sobre mim, pois Ele me enviou para..” Is 61,1-3. O anuncio das ações que o “Enviado do Senhor, o Messias realizará. os olhos dos cegos se abrirão, os surdos serão abertos os ouvidos, os mudos falarão, os coxos, vão pular como cabritos, Is 35,5-6, e as condições do paraíso serão restabelecidas. Isaías 11,6-9. Mas por um certo tempo parece que Deus se calou: “não havia mais profetas, o céu parece que se fechou. E a esperança se apresenta na proclamação: “Ah! Se abrisses o céu, se as nuvens trouxessem o Salvador! Is 63,19. Por isso é que o Advento é tempo de esperança de vigiar, a espera do Salvador. Mas o significado de vigiar não é uma atitude policialesca dos costumes, nem o jeito farisaico de cumprir escrupulosamente os preceitos. A pergunta que por trás do evangelho é: “Quando o Senhor virá? Quando acontecerá, estás coisas? Ou seja a destruição do Templo? Jesus não mata a curiosidade dos discípulos, mas mostra ao contrário, mediante uma comparação qual a atitude fundamental de quem espera: a vigilância. O evangelho deste domingo repete quatro vezes o verbo “vigiar”, fornecendo também o seu significado. Em primeiro lugar, constata a impossibilidade de se conhecer a hora, pois, o fim de tudo não é algo pré-datado, nem detectável mediante cálculos: “Cuidado, Fiquem atentos, por vocês não sabem quando chegará o momento. (v.33). Em segundo lugar, vem a comparação (v.34) Ela fala de um homem que ao partir para estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade dos empregados, distribuindo a cada um sua tarefa, e mandou o porteiro ficar vigiando. Jesus se compara a alguém que viajou e pode chegar a qualquer hora. Quais os bens que Jesus confiou a cada um de nós? Certamente a tarefa de continuar o que ele iniciou no serviço. O que significa, então vigiar? Em 1º lugar não atitude passiva de espera, mas ação concreta de quem se sente responsável, junto com tantos outros, pela “casa de Deus que é o mundo”. Em outras palavras, vigiar é testemunhar a ação e presença de Deus no meio das pessoas. Isso por que, diante do projeto de Deus, que é liberdade e vida para todos, os seguidores de Jesus podem se acomodar: quer tirando o corpo fora, diante dos compromissos e acomodando-se com o presente, que quando a vitória sobre a injustiça e a morte parece impossível. O dono da casa pode voltar a qualquer hora. A comparação que Jesus usou dá a impressão de que o dono da casa está pra chegar a qualquer hora, e a atitude básica dos discípulos, empregados é a da espera ativa que construindo em nossa sociedade, o Reino de Deus. Isso não vale somente para algumas pessoas e sim para todos os que entram em contato com projeto de deus: “Fiquem vigiando” (v.37). O Senhor veio, vem e virá, o Senhor salvou, salva e salvará. Vigiai, vigiai, eu vos digo, não sabeis qual o dia e a hora, vigiai, vigiai, eu, repito, eis que vem o Senhor em sua glória!
Frei Filomeno dos Santos O.Carm.