REINALDO SILVA – reinaldo@diariodonoroeste.com.br
Na casa de Marcia Regina Brinholi quem dá as boas-vindas é o Papai Noel, ou melhor, os papais-noéis. São muitos, 391 para ser mais exato, e estão pendurados nas paredes, sobre os móveis, dançando, cantando ou andando de trem. Eles estão nas salas, na cozinha e até no banheiro.
A casa da professora de Educação Física fica no Jardim Progresso, em Paranavaí, e virou atração para familiares, amigos e até mesmo alunos. As crianças ficam encantadas. Os adultos também.
A história de Marcia com os papais-noéis começou em 1995, ano em que nasceu o filho Guilherme. Ela queria preparar uma decoração especial para o Natal, mas não tinha os adereços, por isso ficou contente quando a mãe lhe deu o primeiro Papai Noel.
Assim, no ano do nascimento do filho, nascia também a tradição que perdura há quase três décadas.
Marcia recebe o Diário do Noroeste para apresentar a decoração. Conta que a preparação começa em outubro, quando separa todos os itens e pensa na disposição de cada um pela casa. Tudo tem de estar pronto até 2 de novembro. É nesse período de mais de dois meses que recebe os visitantes.
As histórias mais marcantes vêm dos alunos. Marcia leciona na Escola Municipal Professor Pedro Real, no Jardim Morumbi. O público, em sua maioria, é formado por crianças de famílias de baixa renda. Muitas jamais tinham visto uma decoração natalina tão repleta de detalhes. “Elas ficam maravilhadas e é mágico ver como gostam de tudo.”
As redomas natalinas são as que mais chamam a atenção dos pequeninos, mas não são as únicas. O que falar do Papai Noel que dança no embalo de canções típicas? E os trilhos que guiam o trem do Bom Velhinho? Na casa de Marcia, até Mikey Mouse, famoso personagem de Walt Disney, ganha trajes de Natal.
Alguns itens vieram de longe e cruzaram as fronteiras para fazer parte da decoração. Tem Papai Noel do Chile, da França, da Inglaterra e da Irlanda.
O Papai Noel argentino trouxe uma história inesquecível. Marcia e o marido, Valdir Cipriano, estavam em Buenos Aires. Passaram pela loja de produtos natalinos e um deles prendeu a atenção da professora. Fez questão de compar. O problema é que a loja estava fechada e o casal precisou esperar. Os dois esperaram tanto que só conseguiram sair dali minutos antes de pegar o voo de volta para o Brasil. Foi uma correria tremenda, mas, apesar do sufoco, embarcaram a tempo e fizeram boa viagem.
São muitas lembranças construídas ao longo desses 28 anos; lembranças que não seriam possíveis se não fosse a família. Os laços de amor com o marido, Valdir, e os filhos Guilherme e Rafaela, trazem o verdadeiro sentido do Natal.
“Natal é muito importante. É uma época em que a gente fica emotiva, porque vê todo mundo se envolvendo, se ajudando. Tudo isso faz muito sentido.”
Se toda a dedicação para preparar a casa antes do Natal vale a pena? Sem dúvida. Marcia não consegue imaginar passar um ano sem a companhia dos papais-noéis. E que venham muitos mais papais-noéis e natais.