O Brasil foi o país que mais ganhou novos milionários durante o ano passado.
O relatório Global Wealth Report 2023, divulgado pelo UBS e Credit Suisse, mostra que o país registrou uma adição de 120 mil novos detetores de ao menos US$ 1 milhão (cerca de R$ 5 milhões) em 2022. O número total passou de 293 mil para 413 mil em dezembro do ano passado.
A recuperação da economia, com alta de 2,4% do PIB (Produto Interno Bruto), e a valorização de 5,3% do real frente ao dólar, contribuíram para os resultados.
Países que também tiveram crescimento expressivo de milionários foram Irã (104 mil), Noruega (104 mil), México (70 mil) e Rússia (56 mil).
Em termos consolidados, os milionários em todo o mundo diminuíram em 3,5 milhões em 2022, para 59,4 milhões.
A queda foi puxada pelos países ricos -os EUA perderam 1,8 milhão de milionários no ano passado, enquanto o Japão viu uma queda de 466 mil, e o Reino Unido, de 439 mil.
O relatório mostra também que os investimentos dos detentores de grandes fortunas em escala global tiveram em 2022 a primeira queda desde a crise financeira global de 2008.
O relatório mostrou que o patrimônio detido por investidores endinheirados alcançou a cifra de US$ 454,4 trilhões em dezembro do ano passado, uma queda de US$ 11,3 trilhões ou de 2,4% em relação ao ano anterior.
Segundo os bancos, boa parte do declínio está relacionada com a valorização do dólar frente às moedas de outros países ao longo de 2022. Eles apontam que, se a taxa de câmbio tivesse ficado estável, o patrimônio global dos investidores ricos teria aumentado em 3,4% no ano passado.
O relatório indica ainda que a desvalorização das aplicações financeiras também contribuiu para a queda na riqueza dos investidores -a Bolsa americana de ações de tecnologia Nasdaq tombou 33% em 2022, pressionada pelos temores do mercado com a alta de juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) e com o risco de recessão global.
Na quebra regional, a perda de riqueza foi concentrada em países mais ricos. América do Norte e Europa perderam US$ 10,9 trilhões em conjunto no ano passado, enquanto a região Ásia-Pacífico viu o patrimônio recuar US$ 2,1 trilhões.
Na ponta oposta, a América Latina viu a riqueza dos grandes investidores aumentar US$ 2,4 trilhões em 2022, para US$ 15 trilhões, por influência de uma valorização média de 6% das moedas da região frente ao dólar no período.
Os dados indicam que o crescimento da riqueza dos grandes investidores foi de US$ 1,1 trilhão no Brasil no ano passado, para US$ 4,6 trilhões.
O UBS e o Credit Suisse projetam que a riqueza global dos endinheirados deve crescer cerca de 38% durante os próximos cinco anos, alcançando a marca de US$ 629 trilhões até 2027. O crescimento dos países de renda média deve ser o principal impulsionador dos valores, preveem as instituições financeiras.
LUCAS BOMBANA – SÃO PAULO, DF (FOLHAPRESS).