LEONARDO VIECELI E NICOLA PAMPLONA
DA FOLHAPRESS
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, defendeu nesta segunda-feira (6) uma posição “mais atuante” do banco, com atenção especial à indústria, e apontou que o Brasil não pode ser somente um exportador de commodities agrícolas.
As falas ocorreram durante a cerimônia de posse de Mercadante no Rio de Janeiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanha o evento.
“Uma das dimensões para o projeto estratégico de desenvolvimento são as exportações, não apenas de commodities agrícolas”, disse Mercadante.
“É muito bom, como diz o querido ministro Carlos Fávaro [Agricultura], que o Brasil é a fazenda do mundo. É muito bom, mas não pode ser só a fazenda. Produtos industriais de alto valor agregado são essenciais para o desenvolvimento do Brasil”, acrescentou.
Mercadante ainda falou em “ajustar” a taxa de juros do BNDES, a TLP (Taxa de Longo Prazo), mas sem um retorno ao padrão antigo de subsídios em governos petistas.
“É muito importante compreender o seguinte: não queremos, e não estamos reivindicando, o retorno ao padrão de subsídios, como ocorreu no passado, mas uma taxa de juros mais competitiva, sobretudo para micro, médias e pequenas empresas”, disse.
Para Mercadante, a TLP “apresenta enorme volatilidade e representa custo financeiro acima do custo da dívida pública federal”. “Penaliza de forma desnecessária micro, pequenas e médias empresas”, afirmou.
Atualmente, os contratos de empréstimos do BNDES são atrelados à TLP, que é mais alinhada a taxas de mercado. Essa modalidade substituiu em 2018 a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que era menor por uma decisão de governo e acabava impondo custos não explícitos à política de crédito do banco.
A TLP considera o índice de preços do consumidor (IPCA, a inflação oficial), mais a taxa de juros real dos títulos do Tesouro (NTN-B). Na semana passada, Mercadante e o diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, também defenderam mudanças na TLP, a taxa de juros de longo prazo cobrada pelo banco. Ambos, no entanto, afirmaram na ocasião que o banco de fomento não pretende retomar políticas de crédito subsidiado, e que qualquer ajuste não será bancado pelo Tesouro.
Ministros também acompanham a posse de Mercadante, entre eles o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Outros nomes são Rui Costa (Casa Civil), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), Marina Silva (Meio Ambiente), Márcio França (Portos e Aeroportos), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) e Anielle Franco (Igualdade Racial).
A lista de participantes incluiu ainda a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e a ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT), além do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), que apoiou Jair Bolsonaro (PL) na corrida eleitoral, e do prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD).
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