O Brasil tem 262.087 incêndios por ano, o que equivale a 718 incêndios por dia em todo território Brasileiro, segundo dados oficiais da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) de 2020, órgão do Ministério da Justiça do Governo Federal. Ao todo são mais de 9,4 incêndios por hora. Só em São Paulo, dados do Corpo de Bombeiros do estado apontam cerca de 600 mil ocorrências anuais.
Diante desses dados alarmantes, a adoção de normas técnicas de segurança contra incêndios é fundamental tanto para garantir a prevenção do patrimônio, quanto para salvar vidas. “A criação de novas normas e amadurecimento das já existentes são importantes para conscientizar a população sobre o risco dos incêndios e, sua adesão pode evitar muitas tragédias, como a que ocorreu no Edifício Joelma, em 1974, que levou uma mudança nos padrões de segurança e na própria normalização”, afirmou o Coronel Jefferson Mello, Comandante Geral do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, durante o I Seminário Nacional de Normalização de Segurança Contra Incêndio (SNSCI).
O seminário organizado pelo Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio da Associação Brasileira de Normas Técnicas (CB-024/ABNT) reuniu na última quinta-feira (29), na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, representante de entidades, autoridades e profissionais civis e militares, dos estados e de São Paulo, atuantes nas ações de prevenção e combate aos incêndios, com palestras voltadas aos principais desafios da Normalização.
“O Seminário teve como objetivo primordial fomentar a melhoria das normas técnicas de segurança contra incêndios e estimular o debate construtivo em prol da segurança da sociedade brasileira como um todo, principalmente no momento que antecede a época das grandes queimadas. Recentemente a ABNT desenvolveu as Práticas Recomendadas 1014 e 1016, de prevenção e combate a incêndios florestais e segurança contra incêndios em edifícios e acervos de interesse cultural, que foi lançada após diversos museus e patrimônios históricos serem destruídos pelas chamas”, ressaltou o Diretor-geral da ABNT, Ricardo Fragoso.
O Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio da ABNT tem atuado em diferentes frentes para que a normalização atenda aos grandes desafios atuais. “Já são 110 normas técnicas ativas e 52 novas ou revisadas, nos últimos três anos, que abordam desde reação e resistência ao fogo, como se garante a compartimentação de ambientes e rotas seguras, equipamentos até a segurança contra incêndio em painéis fotovoltaicos, baterias e veículos elétricos”, afirma o organizador do Seminário e Superintendente do CB-024/ABNT, Rogério Lin. Durante sua apresentação, Lin destacou dado do SENASP que aponta mais de 23.265 incêndios veiculares terrestres, em 2020.
Tragédia na Boate Kiss – Para o Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Sul (CBMRS), Coronel Eduardo Estevam Rodrigues, o seminário contribuiu para fortalecer a cultura de prevenção contra o incêndio. “Não basta só fazer as normas, elas têm que se tornar viáveis para a salvaguarda da vida e do patrimônio daqueles que usam as edificações. Precisamos das normas como referência da boa técnica e da qualidade na construção civil, no quesito segurança contra incêndio”, reforçou o militar. Durante seu discurso, ele lembrou dos 10 anos do incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), que, deixou 242 mortos. “A tragédia não foi superada e jamais será esquecida. As normas técnicas são necessárias e imprescindíveis para a prevenção de incêndios”, ressaltou.
Já Marcelo Monteiro, da Diretoria de Avaliação da Conformidade do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, (INMETRO), ressaltou a importância de aproximar a sociedade do universo da Normalização e Conformidade. “O objetivo é sempre melhorar a regulamentação e trazer mais segurança para a sociedade”, afirmou. ´