Ivo Pierin Junior apontou a exportação com alternativa viável para equilibrar o cenário nacional e evitar as oscilações de oferta e preços
REINALDO SILVA
Da Redação
O crescimento equilibrado da cadeia produtiva de mandioca requer estratégias que fortaleçam a agricultura e a indústria. Diretor-executivo da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e presidente do Sindicato Rural de Paranavaí, Ivo Pierin Junior argumenta que a abertura de mercados externos seria uma alternativa viável e rentável.
A defesa de Pierin Junior é uma resposta à constante oscilação de preços da raiz e, por consequência, dos derivados. Em julho e agosto deste ano, por exemplo, a pressão da oferta de matéria-prima empurrou os preços para baixo e levou os produtores a adiarem a colheita.

Foto: Arquivo DN/Ivan Fuquini
A irregularidade na ocorrência de chuva, os longos períodos de estiagem e as temperaturas elevadas também contribuíram. Sem umidade no solo, o processo de arranquio é mais custoso, podendo, inclusive, comprometer o funcionamento do maquinário.
Diante desse cenário e considerando a entressafra, setembro trouxe novas perspectivas; com menos produtos à venda, os valores de comércio voltaram a subir gradativamente. Ao mesmo tempo em que dá ânimo para os mandiocultores, a situação pode se tornar um convite a reter raízes, à espera de preços ainda mais altos.
“O produtor precisa ficar atento e conduzir para a melhora de preços, mas não deixar de colher, não aguardar o pico. Manter a mandioca represada agora pode acelerar a queda lá na frente”, analisou Pierin Junior.
A avaliação também levou em conta a tendência de crescimento da área plantada em todo o Brasil, especialmente no Centro-Sul. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Paranavaí, muitos agricultores estão deixando as atividades de origem para investir na mandiocultura.

Mercado externo – A inconstância na oferta e nos preços é prejudicial. Enquanto a cadeia produtiva mantiver o foco exclusivamente no mercado interno, dificilmente haverá mudanças importantes. É essencial que o Brasil disponibilize volumes suficientes para alcançar também outros países.
Foi o que aconteceu com os grãos, comparou Pierin Junior. No caso do milho, por exemplo, a criação de plantas para a produção de etanol se tornou alternativa industrial rentável e bem-sucedida.
Para a mandiocultura, o presidente do Sindicato Rural sugeriu que o amido e a fécula sejam aplicados mais amplamente em fórmulas de itens consumidos em diferentes regiões do mundo. Os derivados da mandioca têm como característica a versatilidade, o que permitiria o uso para fazer massa de macarrão tipo talharim oriental e chegar ao mercado asiático – só para citar uma possibilidade.
Fiman – Pierin Junior chamou a atenção para a edição de 2025 da Feira Internacional da Mandioca (Fiman), que será realizada no parque de exposições de Paranavaí nos dias 25 a 27 de novembro. Da mesma forma que em anos anteriores, o evento reunirá produtores, profissionais, expositores e visitantes de diferentes países.
A programação da Fiman 2025 reúne atividades de cunho técnico, visitas a lavouras de mandioca e indústrias. Trata-se de uma oportunidade para conhecer novas tecnologias, ampliar a rede de contatos, inclusive com projeção internacional, e prospectar novos negócios comerciais.
Presidente da feira, Pierin Junior fez questão de citar duas entidades parceiras na organização: a Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam) e o Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (Simp).