Objetivo é fazer com que toda a população participe dos debates sobre o ciclo de violência contra as mulheres e, assim, contribua com a preservação dos direitos e da vida
Mil quatrocentos e cinquenta e nove mulheres foram assassinadas no Brasil em 2024. A informação consta do Mapa de Segurança Pública, que revela o crescimento absoluto de feminicídios ao longo dos últimos cinco anos: 1.355 vítimas em 2020, 1.359 em 2021, 1.451 em 2022, 1.449 em 2023 e 1.459 em 2024.
O termo feminicídio define todos os homicídios praticados contra mulheres por razões da condição do gênero feminino, em decorrência da violência doméstica e familiar, por menosprezo ou discriminação à condição da mulher. O tema é sensível e exige a mobilização de toda a sociedade.
A campanha estadual “Paraná unido no combate ao feminicídio” é resultado dos esforços conjuntos para frear os números e preservar a vida das mulheres. Nesta terça-feira (22), Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, uma ação marcará o apelo por reflexão, sensibilização e mudança de comportamento frente ao tema. A Caminhada do Meio-Dia será realizada em todo o estado, e em Paranavaí a concentração está marcada para as 11h no calçadão da Rua Getúlio Vargas, com saída às 12h em direção ao Paço Municipal.
O Diário do Noroeste conversou com Alessandra Ferreira da Silva Rossini, psicóloga e gestora da Proteção Social Especial da Secretaria Municipal de Assistência Social. Ela explicou que a rede de atendimento e enfrentamento à violência doméstica e familiar está mobilizada para a atividade, e toda a população é convidada a participar.
A orientação para o ato é vestir roupas brancas, proposta que reproduz uma mensagem de paz e união na construção de uma sociedade livre de qualquer forma de violência contra as mulheres.
O objetivo da Caminhada do Meio-Dia, disse a psicóloga, é fazer com que “a sociedade se sinta parte fundamental nessa campanha, uma vez que precisamos interromper o ciclo de mortes de mulheres. Também é mais uma oportunidade de divulgarmos a rede de atendimento e enfrentamento à violência doméstica e familiar, bem como os canais de denúncia”.
Ela avalia que a violência contra mulheres é resultado de fatores históricos e estruturais e só pode ser enfrentada com uma profunda transformação cultural “necessária para uma sociedade livre de todas as formas de violência”. “É preciso reinventar as formas de fazer políticas públicas e campanhas sociais para atingir o maior número de pessoas.”
Rede pública de apoio – Dentro da esfera pública, há uma série de serviços voltados para a defesa da integridade das mulheres. O Sistema Único de Assistência Social (Suas), por exemplo, organiza e operacionaliza a assistência social, tendo como principal objetivo a garantia da proteção social aos cidadãos. Significa oferecer suporte para a superação de situações de vulnerabilidade e risco.
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) é a unidade de atendimento que executa o Serviço de Proteção e Atendimento a Famílias e Indivíduos (Paefi), cujo público-alvo é formado por crianças, adolescentes, idosos, pessoas com deficiência e mulheres.
De acordo com Alessandra Rossini, o trabalho da equipe especializada consiste em intervenções com as mulheres e os dependentes, com foco em orientações sobre o ciclo de violência doméstica e familiar, além da inserção em grupos de discussões coletivas que ajudam a superar a situação vivenciada.
A partir das demandas apresentadas, o acompanhamento inclui atendimentos, visitas domiciliares e concessão de benefícios eventuais na forma de auxílio-alimentação, segunda via de documentação civil, inclusão no Cadastro Único para acesso aos programas sociais do governo federal, busca pela família extensa, articulação para colocação em lugar de segurança para a mulher e os dependentes.
A rede de apoio também oferece serviços individualizados, levantamento de demandas pessoais e familiares, articulação e encaminhamento para programas municipais ou da sociedade civil integrados às políticas transversais – Saúde, Educação Conselho Tutelar, Patrulha Maria da Penha da Polícia Militar, Delegacia da Mulher e Núcleo Maria da Penha (Numape) da Universidade Estadual do Paraná.
Entidades e grupos participantes da Caminhada do Meio-Dia
1. Gestores municipais de todas as políticas públicas;
2. Organizações da sociedade civil;
3. Conselhos de direitos e de políticas setoriais;
4. Servidores públicos;
5. Defensoria Pública;
6. Polícia Militar – Patrulha Maria da Penha;
7. Câmara dos Vereadores;
8. Poder Judiciário;
9. Ministério Público;
10. Subseção da OAB;
11. Polícia Civil; e
12. Instituições de ensino.