Os veículos de carga representam apenas 4,7% da frota do estado, mas estão presentes em 51% dos óbitos registrados em acidentes
Problemas no sistema de freios, iluminação deficiente, excesso de carga e caminhoneiros dirigindo muitas horas sem descanso são problemas recorrentes nas estradas. Os caminhões continuam sendo um fator de preocupação na segurança viária do Paraná. Dados divulgados recentemente pela Polícia Rodoviária Federal no Paraná (PRF/PR) revelaram que, em 2024, 51% das mortes ocorridas em sinistros nas rodovias federais que cortam o Paraná envolveram veículos de carga. Apesar de representarem apenas 4,7% da frota paranaense, os caminhões seguem entre os principais envolvidos em colisões fatais.
O volume de acidentes envolvendo caminhões teve um aumento de 7,56% na comparação com 2023, resultando em 313 mortes no período. Os dados da PRF/PR também apontaram que, entre os acidentes envolvendo veículos de carga, 218 foram em decorrência de falhas mecânicas nos caminhões, com um acréscimo de 30% no número de mortes em 2024 – passando de 30 para 39 vítimas fatais no período de um ano.
Everton Pedroso, presidente da Associação Paranaense de Inspeção Veicular (APOIA), salientou a importância da inspeção veicular nos caminhões. Segundo ele, não se trata apenas uma questão técnica, mas uma necessidade urgente de segurança pública. “Os números da PRF deixam claro que falhas mecânicas, excesso de peso e o desrespeito às normas de descanso estão entre os principais fatores que contribuem para acidentes com vítimas fatais. Precisamos de políticas públicas que garantam uma fiscalização mais rigorosa e periódica para que esses veículos estejam sempre em plenas condições de rodagem”, alertou.
Pedroso destacou que, além dos riscos de acidentes, caminhões sem inspeção adequada causam danos severos à infraestrutura viária. O excesso de peso, frequentemente flagrado nas rodovias, compromete a pavimentação, gerando prejuízos milionários para o setor público e colocando outras pessoas em risco.
O presidente da APOIA ressaltou, ainda, que muitos empresários do setor de transporte precisam entender que esses cuidados não representam um custo, mas um investimento em segurança e eficiência. “Transportadoras que negligenciam a inspeção de freios, iluminação e pneus não apenas colocam vidas em risco, mas também enfrentam prejuízos com multas, interdições e danos à própria imagem corporativa”, afirmou, lembrando de acidentes como o que envolveu a equipe gaúcha de remo, que vitimou nove pessoas, entre elas oito jovens atletas que estavam retornando de um campeonato.
PRF – De acordo com o superintendente da PRF no Paraná, Fernando César Oliveira, pelas dimensões dos veículos de carga, qualquer ocorrência que envolva caminhão é uma ocorrência de grande potencial destrutivo. “Mais da metade das mortes registradas pela PRF no ano passado foram em ocorrências envolvendo ao menos um caminhão. Isso não significa que seja o causador do sinistro, mas estava ali presente e de alguma forma interferiu no resultado final”, analisou.
Oliveira ressaltou que a PRF/PR vem intensificando a fiscalização nos veículos de carga para evitar problemas como excesso de peso, abuso de velocidade, condição dos pneus, dos freios, além do descanso obrigatório. Em 2024, cerca de 260 mil veículos foram parados pela Polícia Rodoviária no Paraná. Destes, 118 mil eram caminhões e isso resultou em 12,5 mil flagrantes por excesso de peso e quase 6 mil casos de caminhoneiros que descumpriam a lei do descanso obrigatório na estrada.
AGRAVANTES
Segundo a PRF, os principais fatores que contribuem para a gravidade dos acidentes envolvendo caminhões são:
• Diferença de massa entre os veículos, que amplifica as consequências das colisões;
• Excesso de peso, que compromete a estabilidade e a capacidade de frenagem;
• Descumprimento do descanso obrigatório, com aumento de 130% nos flagrantes de motoristas dirigindo sem pausa adequada;
• Ultrapassagens indevidas, uma das principais causas de colisões frontais;
• Condições precárias dos veículos, agravadas pela falta de manutenção preventiva.