Quando Felipe Drugovich entrou no apinhado grid para o GP da Itália, a primeira coisa que vez foi tirar uma foto da muvuca. “Nosso grid é bem movimentado já, mas com certeza não desse jeito”, dizia ele com a calma de sempre. Algumas horas depois, lá estava ele respondendo às indagações de Daniel Ricciardo sobre como encontrar caipirinhas em Milão para comemorar seu título de Fórmula 2, ao participar de um programa produzido pela F1 como co-apresentador. Pouco a pouco, ele vai entrando nesse mundo com o qual sonhou desde a infância, anunciado nesta segunda-feira como piloto de desenvolvimento da Aston Martin para o ano que vem.
O programa oferecido pela Aston é algo que Drugovich não teve até agora na carreira por ter optado pela rota de não estar ligado a nenhuma academia de desenvolvimento de pilotos na F1. Muito trabalho no simulador, ajudando no acerto do carro que Fernando Alonso e Lance Stroll vão pilotar na próxima temporada, testes em pista com carros de 2021 (o que é permitido pelo regulamento) e o papel de reserva.
A ideia é começar o trabalho já neste ano, fazendo os 300km necessários para que ele obtenha a superlicença mesmo antes que os pontos obtidos com a conquista do título sejam computados (o que só deve acontecer no final do ano). Com isso, abre-se a possibilidade de que Drugovich participe de uma sessão de treinos livres na F1, última etapa do ano.
No GP de São Paulo, isso não seria possível pois se trata de um fim de semana de sprint. E, com isso, só há um treino livre antes que os pilotos preparem seus carros para a classificação e as duas corridas do fim de semana. A Aston Martin vinha pressionando-o para que ele definisse rapidamente seu futuro, sabendo que a maneira como o piloto da MP Motorsport se portou nos dois últimos finais de semana antes da prova em que conquistou o título chamou a atenção dos rivais. Não era raro encontrar pessoas no paddock que duvidavam que ele continuaria com a mesma consistência nestas três corridas em três finais de semana seguidos, tão decisivas para o campeonato. E ele provou que essas pessoas estavam erradas.
A porta da Aston não foi a única que se abriu, embora tenha sido sempre o caminho mais claro. E existe a possibilidade de o piloto ser liberado caso tenha uma vaga como titular, embora isso pareça bastante improvável neste momento.
Na Alpine e na Williams, Nyck De Vries aparece bem cotado, ainda mais depois do fim de semana positivo que o holandês teve substituindo Alex Albon e pontuando logo em sua estreia pelo time inglês. Sua relação com a Mercedes pode ser um ponto a favor da Williams, que também pode oferecer um contrato mais longo.
Até porque a Alpine precisa de um piloto para o próximo ano, buscando uma solução mais a longo prazo para todo o drama causado pela saída de Fernando Alonso e de Oscar Piastri só no ano que vem. Dentro desse contexto, o nome de Nico Hulkenberg é cotado, com o alemão também sendo ligado à vaga da Haas. Em ambos os casos, Mick Schumacher corre por fora.
A renovação de Guanyu Zhou é mera formalidade. Na AlphaTauri, Pierre Gasly tem contrato e só sai se Colton Herta conseguir os pontos para ter a superlicença. O norte-americano, inclusive, vai testar com a Alpine, mas não se sabe se ele tem chances no time francês ou se isso faz parte do negócio para a Alpine ficar com Gasly caso a chegada do piloto da Indy dê certo.
Por outro lado, o próprio exemplo de De Vries ensina suas lições para Drugovich. Assim como ele, o holandês levou três anos para ser campeão da Fórmula 2 e não conseguiu uma vaga de titular imediatamente na F1. De Vries chegou a correr em outras categorias, foi campeão da Fórmula E, mas manteve seus laços com a F1 por meio da Mercedes. E, mesmo aos 27 anos, sua experiência acabou fazendo dele um dos nomes mais comentados do mercado de pilotos.
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FolhaPress