NATHALIA GARCIA
DA FOLHAPRESS
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta quarta-feira (10) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha o nome de seu sucessor entre agosto e outubro para que a transição do comando da instituição seja feita de maneira suave.
“O que eu converso sempre com o ministro [Fernando Haddad] é que [seja] em algum momento em agosto, setembro, talvez setembro ou outubro, entre setembro e outubro talvez seja melhor, mas é uma decisão do governo”, afirmou Campos Neto em entrevista à GloboNews.
A ideia de iniciar o processo sucessório antes do fim do seu mandato, que ocorre em 31 de dezembro, é que haja tempo hábil para que o indicado por Lula seja sabatinado no Senado Federal antes do recesso de fim de ano.
Nos bastidores, o nome de Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, é apontado como favorito na corrida à sucessão de Campos Neto. Ele se aproximou de Lula na campanha eleitoral e foi número dois do ministro Fernando Haddad (Fazenda) no começo do governo até ser indicado ao BC.
Campos Neto disse considerar o período de cerca de um mês como adequado para o processo de transição e relembrou a convivência com Ilan Goldfajn, seu antecessor na presidência do BC, pouco antes de assumir o posto mais alto da autarquia.
“Você já vai para o primeiro Copom [Comitê de Política Monetária] muito mais preparado, porque já conversou. Você sabe os problemas que são fora do Copom, problemas administrativos, problemas de liquidação bancária, de estabilidade do sistema financeiro. Então, eu diria que um mês, um mês e pouco seria bom”, afirmou.
O chefe da autarquia disse que se comprometeu a estar ao lado do futuro presidente do BC nesse processo. “Independente de quem for escolhido, eu vou sentar com a pessoa, a gente vai trabalhar”, acrescentou.
Segundo a lei da autonomia da autoridade monetária, aprovada em 2021, cabe ao presidente da República a indicação dos nomes para a cúpula do BC. Posteriormente, os indicados passam por sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal. Os escolhidos são, então, levados ao plenário para aprovação.
Questionado sobre o relacionamento com Lula, Campos Neto respondeu que, da parte dele, a relação está “ótima”. “Eu estou à disposição para conversar sempre, para qualquer churrasco, qualquer almoço, qualquer jantar. A minha tarefa é entender que as críticas são bem-vindas. É importante escutar as críticas e responder de uma forma técnica, explicando o que a gente está fazendo”, complementou.
No mês passado, Lula retomou as críticas ao presidente do BC depois de um período de trégua. Na ocasião, o chefe do Executivo disse que Campos Neto mantinha a taxa básica de juros (Selic) em nível considerado por ele como elevado por “teimosia” e voltou a chamá-lo de “cidadão”.