Se conquistar um título estadual em qualquer esporte é difícil, imagine obter esse feito em modalidades distintas. Esse é o caso do Marcio Roberto de Souza, 46 anos, conhecido por “Marcio Capita”: campeão Paranaense no Futebol e no Fisiculturismo.
Jogador de futebol por 20 anos, Marcio, que é natural de Apucarana, marcou história no Atlético Clube Paranavaí (ACP), clube em que foi vice-campeão da primeira divisão do Paranaense em 2003 e campeão em 2007, ano em que foi capitão do time: fato que lhe rendeu o apelido “Marcio Capita”.
17 anos depois de participar do principal título da história do ACP, Capita voltou a levantar um troféu de campeão paranaense, desta vez na modalidade de fisiculturismo. Em maio de 2024 em Curitiba, ele participou do estadual da modalidade e conquistou: top 1 e 3 – Fisiculturismo Clássico; top 2 – Classic Physique; top 3 – Fisiculturismo acima de 85kg; top 2 – Classic Phyique Master; top 3 – Classic Physique Sênior.
ENTREVISTA
Após a competição, o multicampeão paranaense concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário do Noroeste e falou sobre títulos, transição do campo para a musculação e também relembrou algumas histórias do time campeão em 2007.
Capita iniciou a entrevista tentado explicar a sensação de chegar ao topo de uma competição estadual em duas modalidades, mas lhe faltaram palavras para descrever. “É misto de sensações muito boas. Não tem como explicar”, resumiu.
A relação multicampeã entre Marcio, títulos, Paranavaí, ACP, fisiculturismo e Curitiba, explicaremos na sequência. O atleta começou em dezembro de 2002, quando chegou ao Vermelhinho para disputar o Paranaense do ano seguinte.
Na disputa do estadual de 2003, o Vermelhinho ficou com o vice-campeonato após perder a final por 2 a 0 para o Coritiba, jogo disputado na capital do estado e que foi contestado por erros de arbitragem. A primeira partida foi em Paranavaí e terminou com empate em 2 a 2.
Nos anos seguintes rodou por outras equipes até que em 2007 confirmou seu retorno ao ACP. “Foi coisa de Deus. No ano anterior [2006] alguma coisa dentro de mim dizia que eu tinha que retornar para Paranavaí”.
O ACP em 2007 venceu os três grandes times do estado: Coritiba, Atlético Paranaense e Paraná, adversário na final. Na primeira partida da decisão em Paranavaí, o Vermelhinho venceu por 1 a 0. O segundo confronto na Vila Capanema ficou empatado em 0 a 0, e novamente em Curitiba Marcio viveu outro importante momento na carreira esportiva.
“Curitiba é uma cidade abençoada, as três maiores glórias esportivas da minha vida foram lá. É meu Talismã”, contou.
Apesar de alguns atletas se transferirem para equipes grandes, Marcio avaliou que o time daquele ano não teve projeção ainda maior porque o campeonato não tinha tanta visibilidade igual a hoje. Ele chegou a ser cogitado no Coritiba, mas a negociação não se concretizou.
Nos anos seguintes o ex-jogador passou por equipes do Rio Grande do Sul e Paraná. Ele também chegou a conquistar dois títulos da Série B do Paranaense, uma vez com Arapongas e outra com o Metropolitano de Maringá.
Em 2015 Marcio se despediu dos gramados e iniciou a transição para outra atividade esportiva que chamava atenção. “Fisiculturismo é uma modalidade que eu já gostava, porém não conseguia levar em conjunto com o futebol”.
Após trocar os campos pelas salas de academia, ele cursou Educação Física. área em que atua como personal trainer até hoje. A decisão de competir no fisiculturismo veio no início de 2022, quando o coach Rodrigo Capello o incentivou a se preparar para subir aos palcos.
“Não é fácil ser um atleta de fisiculturismo, é preciso abrir mão de várias coisas do seu dia a dia e momentos com famílias e amigos”, explicou Marcio que também comparou as preparações das modalidades.
Para ele, ambas se assemelham no empenho e restrições, porém o fisiculturismo é mais complicado porque exige um trabalho mental muito forte.
“Quando você tem que levantar as quatros horas da manhã realizar o cárdio [caminhada] em jejum, e na metade do percurso se questionar sobre os objetivos, é preciso ser forte”.
Além do aspecto psicológico, a alimentação foi outro fator que Marcio aprimorou nas preparações de fisiculturismo. “Se no campo eu tivesse a consciência e importância da alimentação correta eu seria um atleta melhor”.
Ele relembrou que fazia duas refeições e meia por dia. “Era um café da manhã fraco, almoço e jantar pesados. Hoje eu faço seis refeições, de três em três horas estou comendo. Agora entendo a importância da alimentação em nossa vida”.
Questionado sobre o momento que o ACP vive, Marcio disse que fica triste por ver o time disputar as divisões inferiores, mas ressaltou a confiança no grupo que está à frente do clube.
“Agora com o trabalho bem feito que vem sendo feito tem tudo para voltar à elite do Paranaense”, respondeu. Um dos pilares da nova gestão do ACP é Adriano Spadoto, que tem o cargo de consultor desportivo e também participou do título de 2007.
“Mantenho contato com Adriano até hoje”, contou o ex-jogador que tem residência fixa em Paranavaí e se declarou ao ACP.
“o Vermelhinho está no sangue. Fico na torcida para voltar ao cenário que merece: a primeira divisão”, finalizou.
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