REINALDO SILVA
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A partir deste mês, 3.280 famílias do Noroeste do Paraná receberão créditos mensais de R$ 80 para comprar alimentos, produtos de higiene pessoal e itens de limpeza. O complemento de renda é destinado a pessoas que enfrentam situação de vulnerabilidade social, mas não estão cadastradas nos programas municipais, estaduais e federais, por exemplo, Bolsa Família. O Cartão Comida Boa não permite fazer o saque do valor em dinheiro e sim a utilização direta em supermercados, mercados, empórios e assemelhados credenciados. A recarga será feita no dia 25 cada mês.
Os cartões magnéticos foram entregues a prefeitos e secretários municipais na manhã de ontem. Caberá às equipes dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) distribuir para os beneficiários e manter os cadastros atualizados. De acordo com a chefe do Escritório Regional da Secretaria da Justiça, Família e Trabalho (Sejuf), Marly Bavia, a lista será reavaliada trimestralmente, podendo haver inserção ou retirada de nomes do programa.
A avaliação do prefeito de Cruzeiro do Sul, Marcos Cesar Sugigan, é que o auxílio chega em bom momento para dar sustentação às famílias mais prejudicadas pelos efeitos da pandemia de Covid-19 sobre a economia. O prefeito de Terra Rica, Julio Leite, corroborou o argumento. “Estamos saindo de um dos piores períodos de crise financeira.” A concessão de crédito para a compra de itens básicos traz esperança de dias melhores, disse Julio Leite.
O programa de transferência de renda tem outro viés importante, conforme apontou Marcos Cesar Sugigan: “Aumentará o rendimento dos estabelecimentos credenciados, dando suporte para os mercados.” A injeção de recursos irá movimentar a economia do município, comemorou o prefeito de Cruzeiro do Sul. Em toda a Região Noroeste, a transferência de renda representará R$ 262.400 por mês.
Pesquisa de preços – No dia 7 de dezembro, o Procon de Paranavaí divulgou uma pesquisa de preços de itens da cesta básica. O levantamento considerou os valores para pagamento à vista em oito supermercados da cidade. Tendo em mãos o Cartão Comida Boa naquela ocasião, os consumidores poderiam levara para casa uma cesta básica montada pelo próprio estabelecimento com até 14 itens, pagando de R$ 63,88 a R$ 79,90.
Também seria possível comprar um pacote de açúcar (5kg), um de arroz (5kg), um de feijão (1kg), um de sal (1kg) e um de macarrão (500g), frango congelado (1kg), ponta de peito com osso (1kg), leite integral (1l), sabonete (85g), creme dental (70g), papel higiênico (quatro rolos) e sabão em pedra (cinco unidades). À época da pesquisa, o cliente pagaria R$ 78,23.
A chefe do Escritório Regional da Sejuf fez questão de ressaltar que o Cartão Comida Boa é exclusivo para a aquisição de produtos alimentícios, de higiene pessoal e de limpeza. Os créditos não podem ser usados, por exemplo, para o pagamento de bebidas alcoólicas.
Planejamento para 2022 – Marly Bavia falou sobre as implicações da instabilidade econômica do Brasil sobre as condições de vida da população mais pobre. Disse que a pandemia de Covid-19 agravou um problema que já se desenhava: as altas taxas de desemprego fizeram crescer o número de brasileiros em condições de vulnerabilidade. “Essas pessoas estão encontrando dificuldades para pôr comida dentro de casa, por isso, necessitam da assistência do poder público.”
É fundamental que as três esferas de governo tenham ações planejadas para 2022 no sentido de retomar o crescimento econômico e reverter o avanço da pobreza. No caso do Paraná, a intenção é promover cursos de capacitação profissional e, assim, facilitar a reinserção dos trabalhadores no mercado. Emprego e renda são fundamentais para a recuperação.
Um dos caminhos é ampliar o alcance das unidades de captação de vagas. A Região Noroeste tem nove agências do trabalhador e seis postos avançados de atendimento. Em 2022, intensificarão a busca de oportunidades de emprego e a identificação das pessoas que cumpram os requisitos para preencher essas vagas. “É preciso ter uma visão real de organização com relação à intermediação da mão de obra.”