IGOR MATEUS – Da Redação
O que é a vida? Existem inúmeras respostas para essa pergunta. Cada personagem, inserido em um enredo histórico, teria a sua própria conclusão sobre o tema. Para Luiz José Favero, 87 anos, a vida foi resumida em muito trabalho e boas recordações.
Nascido em 22 de janeiro de 1937 em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, começou a trabalhar com 17 anos na capital gaúcha, Porto Alegre. Mais tarde, em 1962, veio para o Paraná, morar em Nova Londrina, e se casou com Eraci Favero, hoje com 80 anos. Os dois são pais do médico e vereador de Paranavaí Leônidas Favero Neto, de Marinella Favero Cereia e Luiz José Favero Junior.
Chegou a Paranavaí em 1970 para trabalhar com o cartorário Oscar Tomazoni, titular do 1º Ofício de Paranavaí. Antes, o cartório era localizado no cruzamento da Rua Antônio Felipe com a Avenida Paraná, próximo do Banco do Bradesco.
Mas em 1982, por uma sugestão do amigo Favero, Oscar Tomazoni adquiriu o prédio do antigo Banco Nacional de Minas Gerais. O local? Na esquina com o Banco do Brasil, mais precisamente na Avenida Paraná, nº 404, esquina com a Rua Marechal Cândido Rondon.
O local ficou conhecido como “Cartório Tomazoni”. Ali passaram inúmeras escrituras, gente que vinha de todos os cantos do Paraná – e até do Brasil. Tomazoni faleceu no dia 16 de janeiro de 2016, em Curitiba, e o amigo Favero – que era o substituto do cartório – ficou como responsável provisório até que o Tribunal de Justiça do Paraná – TJPR finalizasse a etapa de um novo concurso. Sim. Para assumir um Tabelionato de Notas é necessário passar em um concurso público do Poder Judiciário do Estado.
Favero trabalhou no prédio de junho 1982 até janeiro de 2023, aos 86 anos – idade com que se aposentou.
Quem passa em frente ao prédio percebe que ele está em processo de demolição. Ao saber da notícia, Favero se emociona. “O meu sentimento é apenas de chorar, porque, na realidade, foi uma vida inteira dentro do cartório. Tem pessoas que trabalhei por 40 anos. O cartório foi a minha vida. Tudo isso traz recordação. Mas entendo que é necessário. Precisa crescer e mudar. O mundo está mudando”, diz emocionado.
A aposentadoria veio tarde. Mas, segundo ele, ainda tinha cabeça para continuar trabalhando “se fosse necessário”, afirma. O impedimento é físico. As pernas já não respondem como antes.
“No começo, a vida de aposentado foi difícil, não tinha mais o que fazer. Eu fiquei meio perdido na vida. Mas fui me acostumando, com a Eraci sempre me ajudando. Somos casados há 62 anos, sempre me apoiou, e agora não foi diferente. Vivemos muito bem, graças a Deus.”
São novos tempos para o senhor Luiz. Foram quase 70 anos trabalhando. A rotina, agora, se resume em aproveitar a família, jogar cartas no computador e se dedicar ao jardim de casa. “Tomo meu aperitivo e vou cuidar do meu paraíso que é esse jardim maravilhoso”, ressalta.
No cartório, recorda de uma história engraçada. “Eu tinha um cliente, era um alemão que vinha do interior de Londrina, e ele tinha um pé muito grande [risos], e eu ia atravessar o cartório para levar ele para tomar um café e ele vinha atrás de mim com aquele pezão [risos] pisando no meu calcanhar [risos]. Todo mundo via aquela cena e dava risada. Era muito gozado”, lembrou dando risadas.
Ao ser perguntado sobre qual a mensagem deixaria para a futura geração, o senhor Luiz respondeu:
“Peço aos jovens que se dediquem, estudem, trabalhem e que busquem o melhor para o Brasil e para Paranavaí. Existe muita desigualdade no mundo, precisamos encontrar soluções para diminuir esse problema, para que a sociedade viva melhor, em harmonia.”
“Conheci no cartório pessoas boas, pessoas más, de querer passar as outras para trás mesmo, coisa que não admito. A honestidade é um princípio fundamental na vida de qualquer ser humano. Trabalhei dos 17 anos aos 86. Comecei em Porto Alegre e estou aqui, em Paranavaí, vivo e feliz, pois cumpri com a minha obrigação”, finaliza.
Outro endereço – O 1º Tabelionato de Notas de Paranavaí está em novo endereço. Rua Marechal Cândido Rondon, nº 1463, em frente à Praça da Xícara. De acordo com a nova titular, Daniele Bortoloto, a mudança de local se fez necessária para atender às exigências do Tribunal de Justiça do Paraná – TJPR.
Entre as novas determinações, estão: banheiros dos colaboradores separados dos clientes e um próprio para cadeirantes, os selos e os livros precisam estar em local adequado e seguro para não correr o risco de furtos, acessibilidade na entrada do prédio, além de outras exigências que o prédio antigo não possuía.
O novo prédio é espaçoso, aconchegante e atende todas às determinações do TJPR, segundo Bortoloto.