REINALDO SILVA
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Gustavo Peres é professor; Lucas Colucci, empresário. No dia a dia, têm momentos de animosidade e estresse, principalmente por trivialidades. Tentam transpor as diferenças da melhor maneira possível. Dialogam, argumentam e se entendem. É assim que consolidam o amor depois de quase nove anos juntos – seis deles oficialmente casados.
Eles concordam: é um processo diário. Um passo de cada vez. Tem dias mais e menos felizes, mas o propósito maior é o que um representa para o outro e, no final das contas, permanecer é melhor que sair.
A história dos dois começou em 2013. “Parece bem adolescente, mas é real. Eu curti uma foto do Lucas, começamos a nos seguir e ele puxou papo comigo. Essa é a vantagem da tecnologia: aproximar pessoas que poderiam nunca se trombar por aí”, conta Gustavo.
Não tiveram problemas na hora de assumir o relacionamento para os familiares. Receberam e recebem apoio. “Obviamente, a dificuldade foi maior para as outras pessoas: a aceitação de algo que não cabia a elas aceitarem ou não. Para a gente, estava tudo certo”, diz o professor.
O preconceito em relação a casais homoafetivos é notório. Mesmo que a hostilidade não se manifeste por palavras ou atos de agressão, o julgamento existe.
Gustavo explica como acontece: “As pessoas não nos entendem. Acham que o simples ato de, por exemplo, trocar beijos com meu marido, como prova de resistência e validação do amor em uma manifestação pró-LGBTQIA+, é uma afronta ou pura promiscuidade”. Por isso, dificilmente se sentem à vontade para manifestar afeto perto de desconhecidos.
O recado para os homofóbicos é definitivo: “Somos felizes e nos amamos assim e nenhum olhar julgador mudará este amor”.
Gustavo também faz um apelo aos pais de pessoas LGBTQIA+: “Amem e acolham seus filhos e filhas. A rua está cheia de gente ruim e é dentro de casa que o aconchego e a segurança precisam prevalecer. Não façam de sua casa um campo de medo e traumas”.
Para quem tem medo de experimentar o amor, o professor incentiva: “Carpe diem. Aproveite o hoje. A vida é muito imprecisa, misteriosa, turva. A gente não sabe dos próximos dias. Não viva às sombras dos outros; não faça das escolhas dos outros, as suas”. E questiona: “Por que viver às margens de amores que te oprimem? Liberte-se. Ame-se. Ame quem você quiser”.
Gustavo e Lucas garantem que não são apegados às datas comemorativas convencionais, preferem trocar votos e presentes rotineiramente. Mesmo assim, reconhecem a importância de celebrar o Dia dos Namorados depois de tanto tempo juntos. É uma oportunidade para relembrarem os objetivos e os primeiros olhares trocados há quase nove anos.