O número de pessoas com doenças inflamatórias intestinais no Paraná aumentou em 550% entre os anos de 2011 e 2019. De acordo com o primeiro e mais recente estudo publicado sobre o tema, a incidência de doenças inflamatórias intestinais (DII) passou de 2 em cada 100 mil habitantes em 2010, para 13,77 pessoas a cada 100 mil habitantes em 2019.
O estudo analisou 4.931 pacientes (73,1%) portadores de retocolite ulcerativa e outros 1.817 (26,9%) com doença de Chron. Nos pacientes entre 11 a 30 anos a doença de Crohn foi mais comum, enquanto naqueles com idade entre 40 e 80 anos a retocolite ulcerativa predominou, especialmente no sexo feminino.
A macrorregião leste do Paraná – que abrange os municípios de Curitiba, Adrianópolis, Agudos do Sul, Almirante Tamandaré, Araucária, Balsa Nova, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul e Campo do Tenente – é a que concentra os maiores números de diagnóstico da doença segundo o levantamento.
No mundo, cerca de 8 milhões de pessoas sofrem com a Doença Inflamatória Intestinal, termo usado para descrever inflamações crônicas no trato digestivo, ou seja, doenças que fazem com que o intestino esteja o tempo todo inflamado.
Principais causas – A médica coloproctologista, Luciana Clivatti, que integra o corpo clínico do Eco Medical Center, em Curitiba, diz que as doenças inflamatórias intestinais têm como causa fatores genéticos, imunológicos, estresse, alterações na flora intestinal, aumento no consumo de alimentos processados e industrializados e maus hábitos de vida. “Os sintomas variam de acordo com a gravidade e o local onde a inflamação acontece, mas alguns dos sintomas mais comuns são diarreia, fadiga e cólicas muito fortes, sobretudo após as refeições”, informa a especialista.
A DII não tem cura e seu tratamento visa a melhorar os sintomas como, dor, prisão de ventre e diarreia. Normalmente, os pacientes precisam fazer mudanças na alimentação e no estilo de vida, além de fazer uso de medicamentos em fases mais intensas da doença que provocam muito desconforto. O paciente pode passar longos períodos sem manifestações clínicas, mas o problema sempre pode retornar, tanto por distúrbios intestinais quanto por fatores emocionais.
A nutricionista Marilia Zaparolli, que também atua no Eco Medical Center, reforça a importância de uma alimentação rica em vegetais, hortaliças, frutas, oleaginosas como castanhas, nozes e pobre em açúcar, farinha branca, adoçantes e produtos industrializados, contribui para a saúde intestinal e prevenção de DII. “Durante o tratamento das doenças intestinais, dependendo da fase e sintomatologia do paciente, há necessidade de reduzir ou até mesmo excluir a ingestão de álcool, cafeína, produtos com sorbitol (como balas sem açúcar e chicletes) e alimentos que aumentam a produção de gases (como feijão, repolho e batata doce), leite e derivados”, menciona.
Diagnóstico – Exames de rotina – como endoscopia e colonoscopia – são fundamentais para um diagnóstico precoce de doenças intestinais, especialmente para pacientes que possuem histórico familiar de câncer.
Apesar de ser mais comum em idades avançadas, casos de câncer de intestino em pacientes jovens, a partir dos 20 anos de idade, também podem ocorrer.
Maio Roxo
Neste 19 de maio é o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal (DII), data criada para conscientizar as pessoas sobre as dificuldades de quem sofre com esse problema, além de divulgar informações sobre as suas causas e tratamentos. No entanto, as campanhas se estendem ao longo de todo o mês de maio, que por isso é conhecido como Maio Roxo.
“Sabemos que a alimentação sempre desempenha um papel importante na saúde de todos os indivíduos. E no caso da Doença Inflamatória Intestinal, esse papel ganha ainda mais destaque, já que estamos falando de uma doença que não tem cura, e que afeta diretamente a absorção de nutrientes. Por isso, o tratamento e o acompanhamento junto a uma equipe médica é essencial”, informa a médica coloproctologista Luciana Clivatti.