REINALDO SILVA
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As pessoas que se recusarem a tomar a vacina contra a Covid-19 poderão ser denunciadas ao Ministério Público. O alerta é da 14ª Regional de Saúde, que está fazendo um levantamento em todos os municípios do Noroeste do Paraná, junto às equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), para identificar quem ainda não foi imunizado e conhecer as motivações de cada um.
Sobre a importância da vacinação, a chefe de Vigilância Epidemiológica, Samira Silva, afirmou: “Não é [uma questão de] saúde individual, é coletiva.” A falta de imunização favorece a circulação viral e potencializa os sintomas, com mais casos graves, maior fluxo de internações hospitalares e elevação no número de mortes.
A preocupação não se restringe à Covid-19, ao contrário, se estende a outras doenças. Segundo a chefe regional de Vigilância Epidemiológica, a recusa às vacinas “Pode trazer reinserção de doenças que já tinham sido eliminadas.” Foi o que aconteceu com o sarampo, que voltou a ter casos confirmados no Brasil em 2018.
De acordo com o Ministério da Saúde, após o registro dos últimos casos da doença no ano de 2015 e o recebimento da certificação de eliminação do vírus em 2016, o país teve mais de 10.300 casos de sarampo em 2018. O ano seguinte foi marcado por ampla circulação viral e surtos da doença, com 20.900 confirmações. Em 2020, foram 8.448 casos.
Contra vacinas – Samira Silva explicou que a coleta de informações junto às equipes da ESF ainda está em andamento. Ao longo de toda a semana, técnicos da Regional de Saúde se reuniram com os profissionais dos municípios para conversar sobre as dificuldades e buscar soluções.
Foi possível identificar situações de recusa à vacinação por causa de informações falsas que circulam nas redes sociais. Os conteúdos variam desde o uso das estratégias de imunização como controle da população até o surgimento de novas doenças como efeito colateral. São as chamadas fakenews, nesse caso espalhadas principalmente pelos movimentos antivacina.
Pesam também na decisão de não se vacinar questões religiosas e ideologias políticas, discursos que muitas vezes se misturam. Uma das vertentes defende que a imunização é uma ferramenta para a implantação de nanochips de geolocalização. Há, ainda, o argumento de que a vacina contraria a fé no poder da cura divina.
A orientação para as equipes da ESF é que repassem informações com base na ciência sobre a importância da imunização, contra a Covid-19 e outras doenças, abordando a necessidade de manter o bem-estar individual e coletivo. Se mesmo assim não os moradores não se convencerem da necessidade, deverão assinar um termo de recusa, que será encaminhado ao Ministério Público.
Notificações do TCE – No dia 22 de setembro, sete municípios paranaenses foram notificados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) porque estavam com o índice de vacinação contra a Covid-19 abaixo de 70% em relação à quantidade de imunizantes recebida. Dois são do Noroeste do Paraná: Santa Mônica e Tamboara.
O problema foi identificado pelo TCE com base nos dados do Ministério da Saúde, alimentado pelas próprias administrações municipais, que receberam ofício reafirmando a necessidade do registro diário e de forma individualizada no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI). A obrigatoriedade está prevista em lei.
À época da notificação, Santa Mônica tinha aplicado 62,52% das vacinas recebidas. Agora, o problema já foi resolvido, garantiu a secretária de Saúde Elaine Paruzzo. Ela explicou que houve problema na alimentação do sistema em uma unidade de vacinação e foi preciso digitar os dados novamente. Até a tarde de sexta-feira, o município estava vacinando o grupo de adolescentes de 12 a 17 com doenças crônicas.
No caso de Tamboara, o índice apurado pelo TCE na data de envio do ofício era 69,80%. De acordo com a secretária de Saúde, Daiane Fernando de Mello Cauneto, a situação está regularizada. Da mesma forma que em Santa Mônica, o baixo percentual foi devido a uma falha na reprodução dos dados no sistema. Em Tamboara, a vacinação está liberada para adolescentes de 16 e 17 anos sem comorbidades.
Também haviam recebido notificações do TCE as cidades de Ivaté (que na ocasião tinha 61,60%), Almirante Tamandaré (67%), Coronel Domingos Soares (67,83%), Mandaguaçu (68,84%) e Quatro Pontes (69,47%).
Paranavaí – Município com maior população do Noroeste do Estado e mais de 14.200 casos positivos de Covid-19, Paranavaí chegou à marca de 107.527 aplicações de doses da vacina contra a doença, nas três fases da Campanha de Imunização – dados compilados até a tarde de quinta-feira.
Conforme a Prefeitura de Paranavaí, 65.091 pessoas receberam a primeira dose e 42.077 completaram o esquema vacinal, entre segunda aplicação e dose única. Outras 359 tiveram o reforço do imunizante.