REINALDO SILVA
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O presidente da Câmara de Vereadores de Paranavaí, Leônidas Fávero Neto, lamentou a cassação dos mandatos de Luiz Aparecido da Silva (Mancha da Saúde) e Valmir Trossini, ambos do Partido Socialista Brasileiro (PSB). A decisão judicial foi comunicada durante a sessão ordinária de segunda-feira (22) e tem efeito imediato. Agora, caberá à Justiça Eleitoral da Comarca de Paranavaí fazer a retotalização dos votos e informar sobre a diplomação dos novos vereadores, o que deve acontecer no prazo máximo de 15 dias, alterando as configurações do Legislativo.
A sentença do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) foi baseada no entendimento de que o PSB cometeu fraude à cota de gênero. O partido teria lançado a candidatura de uma mulher, então nora de Trossini, apenas para cumprir o mínimo de participação feminina exigido por lei. Conforme a conclusão judicial, ela trabalhou, deliberadamente, em favor da campanha do ex-sogro, inclusive com publicações nas redes sociais. Também não fez inserções em programas eleitorais. Somou apenas três votos.
Além de perder o mandato, Trossini teve os direitos políticos cassados por oito anos, contados a partir das eleições de 2020, e só poderá concorrer novamente em 2028. A mesma punição se estendeu ao presidente do PSB de Paranavaí, Fernando Vaz de Carvalho. No caso do vereador Mancha da Saúde, não há impedimento para participar do próximo pleito, em 2024. A decisão judicial transitada em julgado é definitiva e não cabem mais recursos.
Os cálculos do MDB e do PP, partidos que apresentaram as acusações contra o PSB à Justiça Eleitoral, indicam que a saída dos dois vereadores dará espaço a duas mulheres, Maria Clara e Zenaide Borges. A chegada delas traria outra configuração para a Câmara de Paranavaí, aumentando para quatro o número de parlamentares femininas, ou seja, 40% das cadeiras.
Valmir Trossini – Na tarde ontem, Trossini conversou com a equipe do Diário do Noroeste. Disse que viajaria a Curitiba para conversar com a equipe de advogados que cuidou do caso para entender exatamente quais são as implicações da decisão judicial. A expectativa é que seja possível reverter a suspensão dos direitos políticos, tornando possível concorrer novamente a uma cadeira na Câmara de Vereadores já em 2024.
Ele havia se candidatado anteriormente. Em 2016 conseguiu 865 votos e ficou na suplência do eleito Mancha da Saúde (1.200 votos). Voltou ao pleito em 2020 e somou 1.321 confirmações nas urnas eleitorais, sendo o quarto vereador eleito mais votado. Trabalhar por Paranavaí dentro da Câmara de Vereadores, disse Trossini, era um sonho, agora interrompido. Emocionado, garantiu que seguirá atuando em favor da cidade, um vereador voluntário.
Ainda não sabe qual será o futuro profissional. Por questões de saúde, tem certas limitações que o impedem de retomar a rotina de trabalho. Ao mesmo tempo, as nomeações em cargos públicos estão comprometidas por causa da decisão judicial. A certeza que tem, declarou Trossini, é que manterá as ações em prol do Hospital de Amor, de Barretos, que atende pacientes com câncer. Trossini é o coordenador regional da instituição.
Sobre o caso que levou à cassação do diploma, ele avaliou que não houve fraude de cota na campanha eleitoral. A ex-nora era, de fato, candidata e tinha chances de fazer uma votação expressiva que ajudaria o PSB. Uma sucessão de fatores pessoais fez com que recuasse durante o percurso, mas ela não trabalhou em favor de Trossini.
Mancha da Saúde – O DN não conseguiu contato com Luiz Aparecido da Silva, mas durante a sessão ordinária de segunda-feira, Mancha da Saúde se pronunciou antes de deixar a Câmara de Vereadores. Disse que apesar da tristeza por interromper o mandato, sentia a felicidade por ter trabalhado pela comunidade de Paranavaí.
Em 2020, foi reeleito com 1.516 votos. Assumiu o cargo no dia 1º de janeiro de 2021 e manteve o foco no desenvolvimento da cidade, cuidando da população. Disse que pretende retornar à Câmara de Vereadores daqui a três anos, externando a intenção de ser candidato em 2024.
Novas vereadoras – A equipe do DN conversou com Maria Clara (MDB) por telefone. Ela disse que ainda não foi notificada oficialmente sobre a decisão judicial, portanto não poderia confirmar o ingresso na Câmara de Vereadores. Preferiu aguardar para comentar o caso. No caso de Zenaide Borges (PP), a reportagem também não conseguiu contato.