JOSUÉ SEIXAS E JOSÉ MATHEUS SANTOS
RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – Fortes chuvas atingem a região Nordeste desde segunda-feira (23), especialmente nos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Uma pessoa morreu e outra ficou ferida em Olinda após deslizamento de barreira. Os temporais causaram alagamentos, desabamento de casas e suspensão de aulas.
O alerta do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) foi publicado há dois dias e indicava chuvas mais intensas no litoral da Paraíba, com destaque para João Pessoa, com chuvas que poderiam ultrapassar os 100 milímetros no litoral de Pernambuco até o Rio Grande do Norte, além de casos que podem ocorrer em Sergipe e na Bahia a partir desta quarta (25).
A região metropolitana do Recife e a zona da mata pernambucana também registram fortes chuvas desde a terça-feira (24).
Por causa disso, a Agência Pernambucana de Águas e Clima elevou o nível de risco para as regiões. As chuvas devem seguir durante o dia, mas a intensidade pode reduzir, segundo a previsão da agência.
A Defesa Civil do Recife informou, na manhã desta quarta-feira, que nas últimas 48 horas foram registradas chuvas que chegaram a 258 milímetros em algumas partes da cidade, quase 80% do total previsto para todo o mês de maio, que é de 328,90 milímetros.
Em Olinda, uma pessoa morreu e outra ficou ferida após uma casa ser atingida por deslizamento de barreira no Córrego do Abacate, no bairro de Águas Compridas. A prefeitura não divulgou nome e idade delas.
Ao todo, foram sete movimentações de barreira na cidade entre a manhã de terça e de quarta, sendo cinco sem feridos. O volume de chuva no município, no período, foi de 173,7 milímetros.
No bairro de Caixa D’Água, também em Olinda, duas casas foram atingidas, resultando em duas pessoas com ferimentos leves. Vizinhos informaram que duas pessoas estão soterradas. O Corpo de Bombeiros faz buscas no local.
As aulas da rede municipal de ensino e de escolas da rede estadual no Grande Recife foram suspensas. Parte das escolas da rede privada também cancelou as aulas. O funcionamento de alguns terminais integrados de ônibus foi afetado.
Órgãos como Tribunal de Justiça e Ministério Público suspenderam pela manhã o expediente. Nas ruas, há diversos pontos de alagamento, complicando a mobilidade.
Há uma semana, a Defesa Civil de Alagoas também havia iniciado um alerta para chuva forte, sob o receio de que acontecesse um desastre semelhante ao de 2010, quando 19 municípios foram devastados pela força das águas. Segundo o meteorologista Vinícius Pinho, da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas, a previsão era para 200 milímetros de chuva.
Foram resgatadas na madrugada desta quarta-feira 40 pessoas que estavam em casas inundadas em Rio Largo, na região metropolitana de Maceió. Apesar de não haver registro de feridos, de acordo com o Corpo de Bombeiros, uma idosa de 73 anos, acamada, precisou ser retirada do local com o uso de uma maca e um bote salva-vidas. A água no interior da residência chegou a 1,5 metro de altura.
Em Penedo, também em Alagoas, sete pessoas precisaram ser resgatadas de escombros após o desabamento de três casas.
A prefeitura do município informa que uma das mulheres sofreu uma fratura exposta e foi encaminhada à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade, onde recebeu atendimento. As demais vítimas tiveram escoriações. Uma escola municipal também foi transformada em abrigo temporário, já que existem riscos de novos deslizamentos.
A Defesa Civil de Maceió registrou pontos de alagamentos e deslizamentos de barreira no município. Segundo as informações do órgão, 12 famílias tiveram de deixar suas casas e foram encaminhadas para a casa de parentes.
A intensidade das chuvas aumentou na noite de terça-feira (24) e ganhou força na madrugada, com registros de alagamentos em vários pontos da cidade, além da suspensão de aulas na rede municipal. Seis dos 13 pluviômetros monitorados pela Defesa Civil já registram mais de 100 milímetros de chuva nas últimas 24 horas.
No município de Pocinhos, agreste da Paraíba, um reservatório de água se rompeu hoje e pelo menos quatro casas foram levadas pela água, sob a suspeita de que a barreira do reservatório tenha cedido pela água acumulada nos últimos dias.
Alguns moradores já haviam deixado suas casas, mas quatro pessoas receberam atendimento do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e foram encaminhadas Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande. Segundo o hospital, as pessoas estão conscientes.
João Pessoa é a cidade mais atingida pelas chuvas na Paraíba, apesar de não ter incidentes graves. A Defesa Civil do município prevê ainda mais cinco dias de chuvas ininterruptas, com alagamentos e uma casa que desabou no bairro de Oitizeiro.
No município de Santa Rita, a sede do Projeto Legal, localizado no bairro Marcus Moura, teve as ruas próximas completamente alagados e os trabalhos precisaram ser suspensos – são atendidas 160 crianças e adolescentes de baixa renda atendidas com reforço escolar, oficinas e duas refeições diárias.
As chuvas intensas também chegaram ao Rio Grande do Norte, com relatos para uma série de raios em Natal e outras cidades do litoral. Pelo menos seis cidades potiguares registram precipitações com mais de 100 milímetros, ultrapassando os 120 milímetros em Mossoró e Afonso Bezerra, de acordo com a Emparn (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte). A previsão indica que mais chuvas ocorrerão até domingo.
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