ADÃO RIBEIRO
Imagine uma noite de inverno – 16 de junho para ser mais preciso. Agora, volte no tempo e imagine a noite do 16º dia do 6º mês do ano 1947. Paranavaí ainda não tinha sido “batizada” com o seu nome definitivo e era conhecida como Fazenda Brasileira.
Então, um grupo de pioneiros se reúne para uma seresta (cantoria). Nesta roda festiva estava Ulisses Faria Bandeira, que seria eleito o segundo prefeito em 1956 (o primeiro foi o médico José Vaz de Carvalho). Ulisses chegou em 1939 e se estabeleceu como agrimensor. Também neste grupo de cantadores estava Octacílio Egger, futuro vereador de Paranavaí.
A roda de música liderada por Ulisses e Octacílio decidiu que seria a hora de escolher um nome para a cidade. Após várias sugestões, chegaram ao consenso, optando pela junção dos nomes indígenas conferidos a rios: “Paraná (grande rio)+Paranapanema (rio sem peixe)+Ivaí (rio de água suja, barrenta). Desse conjunto de nomes surgiu Paranavaí, como sugere o mestre Saul Bogoni, professor de Língua Portuguesa e historiador em textos amplamente divulgados na região (Saul faleceu em 9 de maio de 2020).
Existe ainda uma segunda versão. Nela, o nome teria surgido em 1944 por sugestão do engenheiro Francisco de Almeida Faria. Há, neste raciocínio, um vácuo entre o surgimento do neologismo e a sua efetivação como nome da cidade em 1947.
Antes de ser Paranavaí, o município teve diversos nomes: Fazendinha, Gleba Pirapó, Vila Montoya, Fazenda Brasileira e Colônia.
Como destaca Saul Bogoni numa entrevista publicada pelo Diário do Noroeste em 1977, Natal Francisco – um dos fundadores do Atlético Clube Paranavaí e do primeiro Estádio, onde atualmente é a Praça dos Pioneiros – narra que em 1902 já havia plantação de café por aqui e a região era conhecida em Presidente Prudente, de onde vieram os irmãos Francisco.
As geadas de 1953 e 1955 trouxeram desalento à região, por terem dizimado os cafezais, principais fontes de renda da população. As lavouras foram retomadas, mas o café recebeu o golpe de misericórdia com as geadas de 1975 (chamada geada peta) quando já cedia lugar às pastagens.
Houve êxodo rural e migração para grandes centros, especialmente São Paulo. Outros se aventuraram por Rondônia.
Novo Tempo – Paranavaí experimentou a partir da virada dos anos 2000 um novo ciclo de desenvolvimento, agora diversificando a sua produção. Foram consolidadas cadeias produtivas da mandioca, do frango, do gado bovino e da industrialização, que chegou pelas mãos de grandes empreendedores. Os setores de comércio e serviços também se consolidaram.
Um indicativo do bom momento é o crescimento populacional. De acordo com o Censo 2022 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Paranavaí possui 91.950 moradores. Obras de infraestrutura (a duplicação da BR-376 até Maringá foi um divisor de águas) e a remodelação da infraestrutura urbana conferem a Paranavaí uma condição ímpar para o desenvolvimento econômico e social.
Um tempo especial – Em 1960, Paranavaí conquista a condição de terceiro maior centro desenvolvimentista do Paraná, atrás apenas de Curitiba e Londrina. Naquele ano, a Associação Brasileira dos Municípios coloca Paranavaí entre as cinco cidades com maior desenvolvimento do Brasil. Esse posto está registrado na bandeira da cidade: “In Fide Unitatis Laboris et Scientae Civitas Inter Primarias Quinque Brasíliae”. Em português: “Na Fé na União no Trabalho e na Ciência Entre as cinco Primeiras Cidades do Brasil”.
Paranavaí – Um neologismo que diz muito mais do que junção de palavras; Paranavaí, terra da alegria. Sou Paranavaí, mas pode me chamar de Cidade Poesia.
Nota da redação:
O objetivo desse texto é homenagear Paranavaí pelo aniversário de 71 anos. Eventuais divergências quanto ao contexto histórico fazem parte das fabulações que envolvem depoimentos, pesquisas e as paixões humanas.