O último mês do ano é sinônimo de festas, férias e passeios em família. Mas nas famílias com pessoas idosas, esse período também deve ser de atenção e de cuidados redobrados, conforme alertam especialistas. Dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), do Ministério da Saúde, indicam que, para cada três indivíduos com mais de 65 anos, um sofre uma queda anualmente e, em cada 20 idosos que caíram, ao menos um sofre fratura ou necessita de internação. Dentre os mais idosos, isto é, com 80 anos ou mais, 40% caem todo ano.
De acordo com Uiara Vargas Ribeiro, geriatra e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), a queda é uma das principais preocupações dos médicos geriatras, principalmente quando as férias significam sair do ambiente de rotina. “A pessoa idosa que cai pode desenvolver medo de novas quedas, o que leva a uma maior inatividade física e, consequentemente, perda de massa óssea, deixando-a mais vulnerável. Então, o ideal é prevenir antes que ocorra”, afirma a especialista.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevalência de pelo menos uma queda por ano na população com mais de 65 anos está entre 30% e 60%. Já nas pessoas acima de 85, o percentual de quedas aumenta em até 34%. A especialista preparou algumas dicas para se ter um final de ano mais tranquilo e sem acidentes:
Cuidados no ambiente – A prevenção deve ser uma preocupação tanto no ambiente familiar quanto fora de casa. “A primeira coisa que a pessoa idosa precisa cuidar é do calçado, que deve ficar firme no calcanhar, além de ter um solado mais grosso, para não escorregar. Eles devem evitar chinelos e pantufas. Em casa ou no local escolhido para as férias, devem cuidar dos móveis, evitando mesas de centro e pufes espalhados pelo ambiente porque podem atrapalhar e causar desequilíbrio. Tapetes também são itens que devem ser evitados, já que podem ser armadilhas para eles. O banheiro é um lugar onde também acontece muita queda. Portanto, é importante lembrar das barras de apoio; o ideal é fixar tanto dentro do box quanto fora dele; e também vale a pena cuidar da luminosidade desse ambiente. Assim como, evitar andar de meias, pois para cair é muito fácil”, alerta a professora.
Férias fora de casa – Para Uiara, a pessoa idosa que sai de férias precisa dos mesmos cuidados. “É importante, por exemplo, cuidar dos remédios, caso faça uso diário de alguma medicação. Os medicamentos devem ser tomados da mesma maneira e no mesmo horário. Se for para algum lugar quente, a hidratação é fundamental. Uma boa alimentação não deve ser esquecida no período de férias. E se conseguir manter a atividade física, melhor”, recomenda.
Automedicação – A pessoa idosa deve cuidar com o uso de anti-inflamatórios, pois são medicamentos que trazem efeitos adversos muito grandes. “Vemos esse medicamento sendo usado para controle de dor, mas ele oferece o risco de causar lesão renal e sangramento no estômago, devido à sensibilidade da pessoa que é mais idosa”, lembra a geriatra. Para manter essa rota do envelhecimento saudável, alguns hábitos de vida são essenciais, como a atividade física, seja dança, academia, pilates, desde que seja acompanhada por um profissional da área.
Saúde do idoso – A pessoa idosa deve redobrar os cuidados e ficar atenta à desidratação. “É normal no envelhecimento a redução de sede. É como se o cérebro “esquecesse” de avisar que é necessário se hidratar, mas não significa que a pessoa precisa de menos água. O recomendável é, em torno de dois litros de líquidos por dia, de preferência com líquidos naturais, seja água, águas saborizadas, chás naturais, sucos naturais, água de coco (para quem não tem disfunção renal). Frutas ricas em água e sopas também ajudam na hidratação. Já os líquidos industrializados possuem muito sódio escondido e, por isso, não devem ser consumidos em excesso”, alerta. Outro item fundamental na saúde da pessoa idosa é a proteção solar. Nesta época do ano, eles devem cuidar dos horários de exposição ao sol. O ideal é de 15 a 30 minutos no início da manhã ou no final do dia.
Pandemia não acabou – Ainda estamos em um cenário de pandemia, mesmo que diferente de 2020. Apesar do avanço da vacinação e da melhora dos números, a situação ainda exige cuidado. “O uso adequado da máscara é fundamental. Recomenda-se uma troca a cada duas horas para máscaras de tecido e cirúrgicas, além de evitar aglomerações, lugares fechados e a correta higienização das mãos. O reforço da vacina contra a covid-19 é muito importante para os idosos. É preciso estar atento ao calendário da 3.ª dose e procurar a unidade de saúde mais próxima da residência”, recomenda.