MARCOS GUEDES
DA FOLHAPRESS
O COB (Comitê Olímpico do Brasil) apresentou, na última semana, no Rio de Janeiro, alguns de seus planos para os Jogos Olímpicos de Paris. Em uma grande festa no morro da Urca, na zona sul carioca, com desfiles, discursos de atletas, ex-atletas e personalidades e Frejat como atração musical, a entidade expôs sua estratégia de mídia.
A ideia é contar com influenciadores de diversas áreas para atingir, com a produção de conteúdo multimídia, um público que não necessariamente é interessado em esporte. Pesquisas feitas pelo departamento de marketing da entidade apontaram um público latente que pode ser alcançado por meios de comunicação que não os tradicionais.
“Em Pequim, em 2008, nós tivemos os primeiros Jogos Olímpicos da era digital. Depois, em 2012, em Londres, tivemos os primeiros Jogos das redes sociais. Agora, em Paris, na edição de 2024, certamente teremos os Jogos dos influenciadores”, afirmou o diretor de marketing do COB, Gustavo Herbetta.
Na própria festa, realizada a cem dias da abertura olímpica, porém, houve o primeiro soluço no plano do COB de “furar a bolha”, como afirmou Herbetta. Houve muitas críticas ao anúncio de Joel Jota como um dos “padrinhos” da delegação brasileira na França. O influenciador de 43 anos, ex-nadador, é criticado por informações distorcidas de seu currículo esportivo.
Jota se apresenta como “empresário e ex-nadador da seleção brasileira”, o que é contestado pelos principais nomes da modalidade no país neste século. Atletas, como Bruno Fratus, e ex-atletas, como Joanna Maranhão, ironizaram a sua nomeação. E o próprio Joel, que trabalha com palestras motivacionais e tem mais de 5 milhões de seguidores no Instagram, anunciou sua desistência.
Se não falará diretamente com esses seguidores, o COB aposta em outros para alcançar suas metas digitais. Sem Joel Jota, o comitê terá Larissa Manoela, Hugo Gloss, Sabrina Sato, Pedro Scooby, Murilo Rosa, Fernanda Tavares, Casimiro Miguel e Wesley Safadão como “padrinhos do Time Brasil”.
Eles marcarão presença em competições e eventos não esportivos ligados aos Jogos, sempre com publicações nas redes sociais. O ex-jogador de futebol Zico, que jamais teve a oportunidade de disputar uma edição olímpica em sua vitoriosa carreira, também faz parte da iniciativa, como embaixador.
Ainda em seu esforço de “gerar mais interesse no movimento olímpico”, o COB estabeleceu uma parceria com a produtora Play9 e a plataforma YouTube. No projeto “Paris é Brasa”, criadores de conteúdo farão a cobertura dos Jogos em material que será reproduzido também em seus perfis no Instagram, no TikTok e no X.
A lista de produtores tem Podpah, Matheus Costa, Valen Bandeira, Fabão, Paul Cabanes, Tino Marcos, Daniel Braune, Rafa Tuma, Larissa Gloor e Fátima Bernardes. Pelas contas do COB, eles reúnem mais de 70 milhões de seguidores e terão cerca de 1 bilhão de impressões por suas publicações em Paris.
“De algum jeito, esse time vai te influenciar”, disse a jornalista Fátima Bernardes, apresentadora da festa que marcou o início da contagem regressiva de cem dias para a abertura. Também estava na celebração o apresentador Galvão Bueno, “embaixador da Casa Brasil Paris-2024”, ponto de encontro oficial da torcida brasileira na capital francesa.
Em uma parceria com o COB que envolve a Rede Globo, Galvão comandará entrevistas com medalhistas no programa “Olha o que ele fez”. Ele conduzirá também o “Resenha Olímpica”, que terá entrevistas e reportagens, com participação do repórter Marcos Uchôa. Os vídeos serão exibidos no canal oficial do COB e poderão ser reproduzidos no ge.
Os Jogos Olímpicos de Paris terão sua cerimônia de abertura em 26 de julho, embora algumas disputas coletivas comecem dois dias antes. Os direitos de transmissão foram adquiridos pela Globo, que exibirá competições em seu canal aberto, no canal a cabo SporTV e na plataforma de streaming Globoplay. Na internet, haverá também transmissão da CazéTV, de Casimiro Miguel.