Aleksa Marques / Da Redação
O Colégio Estadual Enira Moraes Ribeiro está desenvolvendo um trabalho diferenciado dentro e fora da sala de aula, por conta do ensino integral que começou no início do ano.
O colégio conta com aproximadamente 300 alunos entre os as modalidades de ensino integral para o ensino fundamental, o novo ensino médio, o ensino médio, o integrado, que são cursos técnicos junto ao ensino médio que dura 4 anos e também o subsequente, que desenvolve formação para os alunos que já saíram da escola.
Com a educação em Tempo Integral, tanto os estudantes quanto os professores têm jornadas ampliadas: os alunos passam 9 horas por dia no colégio, enquanto os docentes podem cumprir todas as 40 horas semanais na mesma instituição.
Nislene Mendes é diretora do colégio e diz que passou por grandes desafios com a equipe, mas que agora já conseguiram se adequar. Além disso, foi difícil no início a aceitação de todas as famílias, o colégio perdeu vários alunos pois alguns tinham que trabalhar ou ajudar os pais nas tarefas domésticas.
O maior objetivo é fazer com que o aluno busque o próprio perfil para construir um projeto de vida, se encontrar no mercado de trabalho e para o crescimento dele como pessoa. Valíria Bruning, diretora auxiliar, fala também da adaptação, pois os alunos têm 4 refeições por dia fornecidas pelo governo: chegam e tomam café, no meio da manhã e da tarde tem um lanche, além do almoço servido para todos. “Os pais ficam tranquilos em saber que seus filhos estão dentro da escola, aprendendo coisas novas enquanto se divertem”, completa.
Projetos lúdicos com muito conteúdo
A estrutura disponibilizada pelo colégio conta com laboratórios de química e de informática, cozinha experimental, biblioteca, sala de vídeo, ginásio de esportes além das atividades que são desenvolvidas no próprio pátio. Mas ainda falta incentivo do governo para uma maior estruturação, lembra a diretora.
Dentro do curso, cada disciplina oferece oficinas e aulas práticas. Os alunos do técnicos já fizeram até produção de cerveja artesanal tipo americana que envolve processos biológicos e industriais, análises químicas e responsabilidades na hora do preparo. Eles têm também o “Quimicando na Cozinha”, onde vão para o laboratório fazer o preparo de pratos e aprender sobre os processos físicos, químicos e biológicos com as transformações dos alimentos, planejamento da receita e, claro, a degustação.
Dentro da disciplina de empreendedorismo, por exemplo, os alunos desenvolvem uma horta, cuidam da terra para o plantio e planejam todo o investimento necessário para a execução e finalização das hortaliças. Também fizeram o brechó, onde os alunos arrecadaram roupas, fizeram a triagem das melhores peças, colocaram preços e fizeram a venda para a comunidade. Com o dinheiro compraram novos materiais para as disciplinas.
A equipe lembra também das plantas medicinais, para dores de estômago, dores de cabeça ou um corte no dedo, por exemplo. O colégio busca ensinar os tratamentos de forma natural, com plantas que podem ser cultivadas em casa.
O “Futuro Craque” destaca as qualidades dos alunos enquanto atletas. Disciplina, cumprimento de regras, foco e dedicação são pontos abordados junto ao planejamento dentro da disciplina de educação física. No âmbito cultural, o projeto “Conectando ao mundo do cinema” levou os alunos para de um passeio no cinema.
“Estamos conhecendo formas de dar um toque diferente às aulas, para manter o interesse dos alunos durante as nove horas e eles estão amando”, comenta Maria Domingues, uma das pedagogas do Enira.
Luana Coelho, que também é pedagoga na instituição, diz que a maioria dos alunos veem a escola como refúgio. “Eles têm amigos, conhecem um mundo novo, fazem descobertas e isso às vezes não é possível em casa onde ele precisa ajudar a mãe nas tarefas domésticas ou trabalhar fora para ajudar no sustento”, acrescenta.
Cursos técnicos
Além do ensino integral, o Colégio Enira oferta, há mais de 15 anos, o curso técnico em química que já formou cerca de 2 mil alunos, além do curso técnico em farmácia, aberto pela primeira vez este ano. Muitos deles já conseguem emprego antes mesmo de terminarem os estudos.
É o caso da Vanessa Masteguin, ex-aluna do técnico em química, graduada na matéria, pedagoga e atualmente trabalha no Enira. “Tento mostrar para os alunos a minha história, que sai daqui e consegui ser alguém na vida. Esse é o objetivo, dar uma perspectiva de futuro aos alunos”, comenta.
“Hoje a escola é fonte não só de sabedoria para os alunos, mas também de perspectiva para um futuro melhor. Muitos não têm esse diálogo em casa, os pais trabalham o dia todo e aqui eles encontram novas oportunidades”, completou Vanessa.
Além do Enira, o Colégio Curitiba, no Jardim Panorama, também está trabalhando com a modalidade de ensino integral.