Texto: Ana Cecilia Paglia
Supervisão: Reinaldo Silva
Neste sábado (17), é comemorado o Dia Internacional da Luta Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia. A data marca o momento em que a homossexualidade deixou de ser classificada como doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1990.
Em Paranavaí, o Coletivo LGBTI+ do Noroeste é um exemplo de luta por direitos. Criado em 2018, o movimento surgiu com o intuito de ajudar pessoas que passavam por perseguições e eram alvos de LGBTfobia, que é ódio direcionado a pessoas da comunidade LGBTQIA+ em razão da orientação sexual ou da identidade de gênero.
O que começou no grupo de Trabalho e Pesquisa e Políticas Públicas na Universidade Estadual do Paraná (Unespar) se tornou, com o passar dos anos, um grande movimento social.
Segundo Rose Macfergus, mulher transgênero e uma das lideranças da organização, a primeira ação do coletivo foi a elaboração de um canal de apoio e denúncias, que permitia que vítimas de LGBTfobia não sofressem em silêncio. Em parceria com a Unespar, o Ministério Público, a Defensoria Pública do Paraná e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), essa criação passou a encaminhar denúncias à delegacia.
Com a intenção de levar mais apoio, o grupo começou a realizar rodas de conversas sobre temas como preconceito, infecções sexualmente transmissíveis e a falta de afeto.
Sempre visando o bem-estar da população, o movimento também realizou campanhas de arrecadação de agasalhos, distribuição de cestas básicas e produção de marmitas, atividades que continuam até hoje. Os beneficiários não são só a comunidade LGBTQIA+, mas também pessoas em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar.
Outra importante causa do coletivo é o encaminhamento de pessoas à Defensoria Pública, garantindo direitos como a retificação de documentos. As ações do grupo não se limitam a apenas em Paranavaí, municípios vizinhos e áreas rurais também são atendidas.
Um projeto marcante do coletivo é a escola de alfabetização de adultos na Vila Alta, que conta com uma cozinha, onde alimentos são feitos e distribuídos em parceria com lideranças do bairro.
Além dos grandes passos dados pelo movimento, Rose ressalta que as lutas do movimento em uma cidade pequena como Paranavaí ainda são muitas. Casos de violência física, financeira e diversas outras são frequentes.
A liderança relata que muitos adolescentes LGBTQIA+ sofrem rejeição familiar e acabam sem apoio, precisando se submeter a moradia na rua.
Um outro problema recorrente é a falta de emprego, sendo na maioria das vezes as indústrias oferecem oportunidades. “A pessoa não tem onde morar muitas vezes, não tem o que comer, como irá fazer uma capacitação?”
Apesar dos desafios diários, o coletivo conseguiu realizar a primeira Conferência dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, mesmo com dificuldades. Essa ação contou com o apoio da Prefeitura de Paranavaí.
Pensando no futuro, a organização almeja que seja possível desenvolver políticas públicas voltadas ao grupo LGBTQIA+ no município nos próximos anos.
As principais conquistas do movimento se concentram no crescimento do apoio levado aos públicos mais afetados.
Para o coletivo, o Dia Internacional da Luta contra a Homofobia é um marco de resistência. “Essa data nos lembra da importância de estarmos em união.” A mensagem que Rose deixa sobre a data é que o ser humano é diverso e digno de amor. “É só amar as pessoas, é tão simples”, completa.