REINALDO SILVA
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O número de brasileiros em situação de insegurança alimentar caiu 31% entre o primeiro trimestre de 2022 e o quarto trimestre de 2023. O índice representa redução de 20 milhões de pessoas. Os dados são do Instituto Fome Zero, que atua com a perspectiva de apoiar políticas públicas de combate à fome e à desnutrição.
Esse e outros resultados foram possíveis em razão da melhora nos indicadores econômicos, tais como a queda da inflação, a redução do desemprego e a valorização do salário mínimo. Também contribuiu o aumento no valor do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada.
Apesar disso, o Brasil ainda tem 45 milhões em situação de insegurança alimentar moderada ou grave. “É um problema urgente. Vivemos em uma região agrícola, mas muitas pessoas não têm acesso a alimentação saudável”, avalia Rose Macfergus, coordenadora do programa Mãos Solidárias no Noroeste do Paraná, desenvolvido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Diante dessa realidade, o MST, o Instituto Federal do Paraná (IFPR) e o Coletivo LGBTI+ de Paranavaí se uniram para o preparo de alimentos e produziram mais de 300 marmitas veganas. A ação, no último sábado (20), atendeu a pessoas em situação de vulnerabilidade na Vila Alta, nos jardins Ipê e São Jorge e na região do terminal rodoviário. Colaboraram Maria de Fátima Oliveira e Aline Cristiane Amaral, da Cozinha Solidária Maria Vila Alta.
Rose Macfergus, que também é uma das fundadoras do Coletivo LGBTI+ de Paranavaí, destaca: “Nós temos condições de fazer essa ponte, de dar acesso a uma alimentação nutritiva”.
A demanda foi identificada durante a pandemia de Covid-19, quando lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis procuraram o Coletivo LGBTI+ e pediram ajuda.
“Vimos muitas pessoas em situação de vulnerabilidade extrema, por não terem onde morar ou não terem condições fazer algo que permitisse sair daquela condição. Conhecemos histórias terríveis de exclusão familiar e de falta de acesso ao trabalho”, conta Rose.
Desde então, o grupo entregou mais de 7.000 quilos de alimentos, entre refeições prontas e cestas básicas. Grande parte foi doada pelos assentamentos do MST na região.
DOCUMENTÁRIO
O trabalho junto à comunidade chamou a atenção de professores do Instituto Federal, que iniciaram a produção de um documentário. “No documentário será apresentada a atuação do Coletivo LGBTI+ no âmbito da assistência social e no fomento à arte e à cultura no município, bem como o dinamismo da artista Rose Macfergus, ativista que agrega o grupo”, explica Camila Clozato.
O projeto audiovisual inclui imagens captadas durante as atividades do Coletivo, inclusive o preparo das marmitas no último sábado, e as abordagens às pessoas LGBTI+. Há também depoimentos de membros-fundadores e de pessoas envolvidas nas ações do grupo.
Todo o desenvolvimento do documentário está por conta do IFPR, campus de Paranavaí, e da produtora Fenda, de Maringá. O projeto foi contemplado pelo edital de fomento audiovisual da Lei Paulo Gustavo, da Fundação Cultural de Paranavaí.
A previsão é que a estreia seja em junho deste ano, mês do Orgulho LGBTQIAPN+, com sessões gratuitas e abertas para o todos os públicos.