Branca de Neve e as aflições
A rainha má queria ser a mais bela. No entanto, existia a Branca de Neve, que a ultrapassava em beleza.
Então, a rainha decidiu matá-la… Todos conhecemos essa história.
Branca de Neve a afligia. A presença dela no mundo, sua beleza faziam da vida da rainha um verdadeiro inferno.
Afinal, para ser feliz, imaginava, somente ela deveria ser bela. A mais bela.
A culpa da Branca de Neve era ser linda. Por isso, gerava o inferno no coração da rainha.
O veredicto: a morte.
* * *
Se analisarmos, profundamente, vamos encontrar uma rainha má dentro de nós, em diversas gradações.
Talvez ao ouvir isto pensemos: A minha é bem pequenininha. Mas tudo bem… já vale.
A rainha má colocou a culpa na Branca de Neve. A culpa de jogá-la para o segundo lugar e não deixá-la em primeiro, como gostaria.
Aliás, nem primeiro ela queria. Ela desejava mesmo ser a única. Tolice maior do que desejar ser a primeira.
Os primeiros deixam de ser, em algum momento.
O mais jovem perde o posto, assim como o mais velho, a melhor dançarina, o melhor cantor, o melhor atleta, a empresa mais rica, o empregado mais competente, o piloto pole position, o campeão de Fórmula Um…
Todos perdemos os primeiros lugares… A vida na Terra é isso: impermanência.
Quem quer ser o mais belo tem problemas sérios.
Deve saber que o posto é temporário. Todos somos substituídos, mais dia, menos dia, na posição que ocupamos.
Quantas moças lindas a rainha precisaria mandar o caçador assassinar?
Isso lhe daria paz?
Quem estava com o problema? Branca de Neve ou a rainha?
A menina linda não é o problema. O problema é de quem inveja sua beleza, pois se compara a ela.
Desejaria ser tanto ou mais bonita. A comparação é algo sem sentido.
Porque todos somos diferentes. Belos. Únicos.
O mesmo se dá com o ciumento, o rancoroso, o odiento, o perverso, o invejoso.
A culpa não está nos outros.
Se alguém tem um carro mais bonito do que o nosso, mais moderno, mais potente, não deve merecer nosso ódio, nem o devemos culpar pela nossa infelicidade.
O problema é nosso. O dono do carro nada tem a ver com a nossa insatisfação, ou com a nossa inveja.
Podemos trabalhar e adquirir um igual. Ou melhor ainda.
No entanto, reflitamos e aprendamos que não é de um carro último tipo que precisamos para sermos felizes.
Em verdade, perdemos um tempo enorme com amarguras ou inveja. Esse tempo poderia ser empregado em algo verdadeiramente útil para a nossa vida.
* * *
Cada pessoa é o que fez ou faz de si mesma.
Cada conquista é trabalho individual.
As faculdades de cada um são frutos de esforços continuados, de escolhas, de realizações.
Assim, se no dia a dia a nossa rainha má surgir, pensemos com lucidez.
Lembremos: a culpa não é da Branca de Neve, não é do nosso vizinho, não é de quem tem aquilo que desejamos física ou materialmente falando.
Pensemos nisso e alteremos nosso foco.
Não importa sermos o primeiro, o maior. Importante mesmo é sermos felizes com nossas conquistas individuais, aquelas perenes, que nem o tempo, nem o ladrão nos podem tirar.
Redação do Momento Espírita, com base
em texto de Cristian Macedo.
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