Quando Gandhi trabalhava pela Independência da Índia, empenhou-se também em combater uma questão interna: o preconceito de castas.
Tradição milenar que divide a sociedade indiana em religiosos, guerreiros, agricultores, comerciantes e servos, as castas até hoje persistem.
Na base da pirâmide social, uma categoria desprezada: os párias.
Sem casta, os párias são considerados impuros e acredita-se que quem os toca fica impuro também. Por isso são chamados intocáveis.
Mas Gandhi, ao estudar profundamente os ensinos de Krishna, aprendeu que Deus não faz diferença entre Seus filhos.
Ele compreendeu que o sistema de castas havia sido modificado pelos homens, que o usaram para fins de dominação política e social.
E foi assim que Gandhi passou a combater o preconceito contra os párias, que ele chamava harijans, palavra que significa filhos de Deus.
Estava certo Gandhi. Somos todos filhos de Deus. Os preconceitos que carregamos são parte de um contexto social e cultural que devemos combater.
À medida que a Humanidade progride, os preconceitos vão perdendo espaço.
A ciência vai demonstrando que certas teorias não têm validade e aos poucos vamos expurgando práticas vergonhosas.
Vejamos, por exemplo, o preconceito racial. Ele é decorrente de uma visão que data da época da colonização.
Os europeus se achavam superiores aos povos indígenas ou africanos. É uma tese absurda que o tempo se encarregou de derrubar.
Sim, pois quando se ofereceu oportunidade, negros e índios mostraram tanta capacidade intelecto-moral quanto os demais.
Nunca é demais lembrar que – mesmo na época do mais rigoroso preconceito racial no Brasil – houve quem triunfasse.
É o caso do maior escritor brasileiro de todos os tempos: Machado de Assis.
Filho de uma ex-escrava, que trabalhava como lavadeira, ele trabalhava durante o dia e estudava à noite, sob a luz de um lampião.
Demonstrou que o talento e o esforço vencem o preconceito, por mais forte que seja.
Hoje, por mais que se combata o preconceito, muitas vezes ele ainda aparece inesperadamente.
É porque estava apenas oculto, escondido sob o verniz social.
É assim na questão dos homossexuais. Os preconceitos contra eles se manifestam de forma agressiva.
Eles são ridicularizados, alvo de piadas e até de violência. Muitos são espancados e assassinados.
E tem mais: hansenianos, tuberculosos, ex-presidiários, aidéticos etc.
Será que numa sociedade em que os homens cumprissem as leis de Deus isso ocorreria?
Será que já conseguimos ver todos os demais seres humanos como irmãos que também amam, sofrem e querem ser felizes?
Lembremos do exemplo notável de Jesus, que tinha como filhos prediletos os desprezados pela sociedade.
O mestre reergueu a adúltera e a mulher prostituída. Elogiou publicanos.
Não teve medo de hospedar-se na casa de homens de má fama e elegeu como discípulo um coletor de impostos que era mal visto.
Por outro lado, advertiu severamente os orgulhosos e os que se achavam melhores que os demais.
Repreendeu os religiosos sem compaixão e tomou a defesa dos mais frágeis.
Se Jesus – o Ser mais perfeito que já habitou a Terra – agiu assim, por que não imitá-lO?
Redação do Momento Espírita
Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP.
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